O Bom Servo
O Bom Servo
Um Servo caminhou a ermo por
entre montanhas e florestas espinhosas, por vales de difícil acesso e rios
caudalosos sem pontes para atravessá-los em segurança.
Este Servo carregava um pacote
importante de seu senhor que deveria ser entregue em mãos específicas, pois era
como um tesouro que levaria àquele lugar à prosperidade da qual compartilhava
na terra do seu Senhor.
O Servo sabia das dificuldades
do caminho, mas era corajoso e não se deixava abalar por elas. O Servo também
conhecia suas próprias limitações, fraquezas que poderiam visitá-lo e abalá-lo
no caminho e mesmo assim, se voluntariou ao serviço.
Quando da
data de sua viagem se aproximou e finalmente chegou, o Servo se apresentou ao
seu justo, ancião e bondoso Senhor que o acolheu num abraço afetuoso e
inspirador, embora seu olhar demonstrasse uma certa tristeza, ou melancolia,
pois ele deveria trazer uma notícia que não era agradável de se dar, mas que
era necessário oferecer ao seu amado Servo.
- Meu
querido e amado amigo. Sei que se voluntaria a levar este pacote cheio de
conhecimentos para que lá, onde moram outros queridos amigos enfrentando toda
ordem de dificuldades, como aqui já enfrentamos, e superamos. Mas tenho o dever
de dizer a ti, que não terá apenas as dificuldades do longo caminho, mas que o
Senhor dos Mundos me revelou nesta noite que o mensageiro será sacrificado no
caminho para que a mensagem chegue aos nossos irmãos de outra terra com maior
peso, pois só assim, a paz que temos aqui hoje será por lá instalada.
Por isso não posso te enviar,
sem alertá-lo. E mais, não quero colocá-lo em risco de nunca mais voltar aos
seus, de forma voluntária.
- Agradeço Senhor, por me
considerar apto para esta tarefa, mas reafirmo ainda que não volte, o meu
compromisso em servi-lo e também ao Senhor dos Mundos! Farei o meu melhor,
mesmo sabendo desta revelação.
- Eu não esperava outra
resposta meu amigo. Fico feliz e pesaroso ao mesmo tempo. Se pudesse escolher,
não o enviaria, mas respeito e abençoo o seu sacrifício e peço ao Senhor dos
Mundos que te proteja em todos os momentos, principalmente o mais crítico.
Os dois se abraçaram e
conversaram por horas. Um banquete foi oferecido ao Servo corajoso, fiel e
alegre, que agradeceu e se despediu de todos sem nada revelar. E cheio de fé
seguiu sua jornada escolhida.
O caminho realmente não era
fácil. Talvez apenas no início, por estar próximo à bela e harmoniosa terra
natal. Mas a cada passo que se distanciava, os perigos se mostravam, as
dificuldades se alargavam, mesmo diante de belezas naturais. Algumas destas belezas,
eram como armadilhas ao coração do Servo, ainda que um jovem maduro, acabou
deixando-o em dificuldades sérias, quase perdendo o pacote que deveria
entregar. Mas logo sua fé, bom senso o redirecionou, e mesmo com dificuldade,
avançou. Fez amigos, sonhou, teve momentos muito felizes ainda que
desafiadores. Levou alegria aos que encontrou pela estrada, cuidou de alguns
que se apresentaram com dificuldades, criando laços de afetos verdadeiros e
fiéis. Nesta toada, avançou ao lado destes fiéis agradecidos. Quando numa
curva, ainda aparentemente longe do fim da jornada, enquanto seguia um pouco a
frente dos demais para verificar um novo terreno a ser vencido, caiu nas mãos
de malfeitores que roubaram as poucas posses, o pacote e infelizmente a vida…
Os seus fiéis amigos do caminho
logo chegaram, mas já sem poderem se despedir. Buscaram a justiça e perseguiram
os malfeitores, acharam-nos e lembrando do Servo Bom, apenas retomaram suas
posses, prenderam e entregaram os malfeitores à justiça dos homens. Como as
sementes plantadas em seus fiéis amigos, foram férteis, estes buscaram levar o
pacote ao seu destino e ao chegarem, compartilharam a história do bom Servo.
Isso tocou o coração daqueles que viviam nesta terra distante que ao abrir o
pacote viram apenas sementes e um pergaminho com palavras de amor, respeito e
exaltação à vida.
A missão foi cumprida com
êxito. E o servo? Chegou no mundo dos espíritos exaltado, consciente de sua
humanidade, embora um pouco triste por deixar para trás, tudo o que vivera,
todos os laços de amor que fez.
Para sua surpresa, foi recebido
com carinho num abraço acolhedor pelo seu Senhor, que também o precedera, logo
que ele saíra para sua missão, pois que há muito o Senhor andava doente sem
ninguém o saber.
Hoje o Servo ainda se recupera
do trauma que vivera, se preocupa com os seus amores deixados, mas compreende
que há um motivo por ele ter escolhido passar por uma dificuldade que culminou
no ato final de sua existência. Sabe que poderia ter sido de outra forma
dependendo de suas escolhas. Era a sua prova voluntária pedida, antes da missão
escolhida ser vivida.
Agora de volta, colhe os louros
da sua jornada (louros diferentes do esperado por muitos que o amam), e ao
mesmo tempo, cultiva a paciência da ausência e distância dos seus, mas
permanece com fé de que irá rever a todos que ama, quando for o momento certo.
Permanece com a alegria e a simplicidade de sempre. E por fim, envia a todos, a
gratidão dos momentos passados ao lado dos amores vividos e revividos, das
histórias aparentemente “bobas”, mas marcantes e outras tantas lutas que esteve
ao lado de cada um de vocês. Sintam-no com vocês sempre que as lembranças
vierem. Ele estará com vocês! E mais, ele diz então a todos: “Eu amo vocês e
até breve!”
Para amigos e familiares de R.
Espírito Jesair
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