O Bocadinho

Era Bernardo um menininho,
Que muitos o chamavam de bonitinho.
Era pequenininho...
Tudo bem diminutivo...

Ao contrário de sua aparência
Aparentemente pequena...
Humilde e acanhada
Tinha grande coração, o danado...

Tinha um belo sorriso,
Que encantava até mesmo o Padre,
O coronal Bocaiuva, zangado,
Raivoso e estressado...

Ele morava na fazenda do coronel.
Trabalhava que nem um corcel,
Mas gostava mesmo era de ouvir
As pregações do Padre Gabriel...

Ouvia as pregações que falava,
De Cristo Jesus
Filho de Maria, mãe dos pequenos...
Como ele, o menor de todos...

Encantava-se com as curas...
Sonhava com os milagres...
E quem sabe um dia
Receberia de Deus um pouco mais de altura...

Que nada! Deus já tinha dado muitas coisas
Melhores do que uns centímetros a mais...
E o principal... era o coração bom!
Como era bom o menino Bernardo!

Trabalhava todo dia,
Acordava cedinho
E tudo que ganhava,
Ele dava aos mais pequeninos
Menos providos...

Não podia ver um animal sofrer,
Um viajante com fome aparecer...
Um amigo chorar,
Um colega com dor ficar...

Ele era assim...
Sempre disposto a ajudar!
Queria doar o que a vida não lhe dera,
Família não tinha...
Mas adotara a humanidade toda!

E foi assim, como um bom mineirinho,
Que quietinho doou,
Ajudou, acalmou, ofereceu,
Sacrificou sua felicidade
Para o bem do próximo...

Cresceu e tornou seu coração
Ainda maior...defensor dos fracos.
Tinha a coragem de enfrentar injustiças
Com inteligência de vida!

Separou brigas, uniu famílias desunidas...
Evitou tragédias, revoltas e outros cismas...
E de tanto ajudar, recebeu em troca
Espinhos de ingratidão... Perseguição e dor!

Morreu numa emboscada
Organizada pelo filho do coronel,
Herdeiro dos Bocaiuvas...
Que se sentira traído pela interferência fraterna
De Bernardo em favor de um empregado castigado...

Foi um tiro só... Rápido...
Sem sofrimento, caiu no chão o corpo,
Já sem consciência...
Enquanto o seu ser era todo brilho...
Assistido pelos emissários do bem em sua presença!

Pra trás não se virou...
Sem raiva ou revolta
Seu caminho continuou
Seguiu em frente para ajudar
O carrasco inconsequente!

Foi assim que permaneceu
Para receber o algoz de braços abertos.
Sorriso franco e coração amoroso
No firmamento!
Perdoou setenta vezes sete,
Ensinou com simplicidade
A lição do amor fraternal!
Esse foi Bernardo
Um pequeno fenomenal!


Sodré, o ritmista admirado com o pequeno e novo amigo, um missionário anônimo e divino – 30.06.14, psicografado por Jerônimo Marques.

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