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Mostrando postagens de setembro, 2015

Um Semblante Sereno

Sentando num ambiente calmo estava ele pensando como a meditar sobre a vida e toda multidão de possibilidades. Entretanto, a serenidade em seus olhos, os lábios relaxados, porem hirtos, a maçã do rosto encoberta quase toda por uma barba que dava a impressão de estar aveludada, barba essa que contornava os lábios, descia até o pescoço e se encontrava com os cabelos próximo às orelhas... Olhando o pôr-do-Sol, escutando o barulho quase imperceptível de algum riacho próximo, dos pássaros a cantar, estava ele, de semblante sereno. Em sua mente, quem poderia realmente saber o que se passava. Entretanto, ao olhar o Mestre do Amor teremos a certeza que apenas bondade, harmonia e respeito passava por sua mente! Os seus olhos vagavam pelo horizonte, talvez apreciassem a paisagem ao longe, ou quem sabe à sua volta... Talvez apreciasse outras paisagens invisíveis aos olhos comuns, mas diáfanas aos olhos de espíritos comuns como nós. Um leve sorriso no canto dos lábios e uma lágrima que não

As Mãos de Riley

Numa noite gélida de um país europeu. Tomas Riley andava perambulando pelas ruas, encolhido no seu casaco que apenas amenizava o frio que sentia. Não estava nevando. Mas havia esfriado o suficiente naquele outono para que poucas pessoas se arriscassem a sair pelas ruas depois de certa hora da noite. Aqueles que buscavam as ruas geralmente logo entravam em algum bar ou iam para suas casas e ou de amigos... Havia também aqueles que não tinham outra opção a não ser de ficarem nas ruas. Eram os abandonados da sociedade, os que haviam perdido tudo: família, amigos, destaque social, eram simplesmente rejeitados e ignorados pela maioria dos demais. Não era o caso de Riley, um músico e poeta de certo renome, muito bem quisto e requisitado em sua profissão. Aquela cena não acontecia por acaso, não era a primeira vez que Tomas saía às ruas assim, sozinho, segurando apenas seu instrumento musical e nos bolsos possuía algumas moedas e cédulas.  Pensava com ele mesmo que havia sido egoísta, po

Buscai e Achareis

Conta-se que numa pequena vila de tempos antigos, no velho mundo, nasceu uma garota pequenina e raquítica... Era a quinta filha de um total de nove. Não era feia, mas não se podia dizer-se bela. Talvez porque a pobreza e escassez de recursos atrapalhasse uma aparência melhor. Os cuidados maternos e paternos são melhores com os primeiros filhos, pois ainda são poucos a lhes requerer atenção. Assim Beatrice era uma menina comum... Não era paparicada e tal lhe fez bem. Não era a mais bela, por isso não se tornou vaidosa. Não era a mais nova, por isso precisou aprender a se virar para ter a atenção dos mais velhos e ser respeitada por todos... Saltando no tempo, quando jovem, em seus dezessete anos, nossa querida menina saiu de casa. Não porque quis ou foi expulsa, mas por circunstância da vida. Ela, que sabia se virar sozinha e trabalhava lavando roupas, resolveu sair do lar materno, pois o pai havia voltado ao mundo dos espíritos anos antes. Pensou nas dificuldades da mãe que ainda ti

Os Talentos dos Vícios

Para Frederico seus sonhos eram os tesouros dos céus! Desde pequeno insistira com seus pais, os quais tinham boas condições financeiras e não desejavam que ele desenvolvesse com afinco alguma habilidade artística, pois o queriam como médico, advogado ou engenheiro. Nosso querido amigo, sonhava com os palcos da vida. Tinha o sonho de muitos. Cantar e encantar com sua voz, com seu talento a fim de ser admirado por muitos fãs e ter a fama, o sucesso, que via os artistas da TV. Com muito custo e insistência, ganhou um violão do pai que o matriculou numa escola de música. Aos poucos, seu talento foi se mostrando realmente e no mínimo interessante. Aprendia com afinco e disciplina. Estudava e praticava todos os dias. Com a graça divina pareceu que Frederico era como um “bem-te-vi” ou uma cotovia. Tocava e cantava com beleza e alegria. A princípio se apresentava em casa, depois na escola e com o tempo entre os amigos. Estava sempre disposto e feliz para tocar e encantar na vida. A única

O Artesão

Laborando em sua oficina cheio de palhas, barro, madeiras e outras tantas matérias primas, estava Simas, o artesão. Em meio as ferramentas... Martelo, cinzel, espátulas, tintas e outros tantos por muitos desconhecidos, estava ali parado... Olhando cada detalhe, sem ideias, talvez sem qualquer inspiração ou emoção... Em seus pensamentos, nada vinha... Parecia que os gênios da arte os quais o acompanhava desde a infância haviam-no deixado a mercê de si. E agora? O que faria? Tinha talento! Isso o sabia. A prova? Era procurado por diversas pessoas de fino trato, de dinheiro farto para adquirirem suas obras variadas. Desde pinturas, esculturas, peças rústicas, móveis úteis entre outras obras criadas por ele. Desde pequeno mostrara seu talento e fora incentivado por seus pais, que o colocaram numa escola de artes... Embora tivesse o talento, não era muito disciplinado... Não gostava de regras, fazia apenas o que desejava... Embora o temperamento genioso, aprendeu técnicas importantes c

Inspirando Emoções

Quando dei por mim, estava sendo levado a um recanto “escondido” no Centro do Brasil... Um local cercado apenas de natureza, muito belo, mas o procuraria apenas para o descanso e não para tal propósito, afastado da civilização... Estudos, orações, oficinas, apresentações... Palestras... Quantas atividades! Aparentemente, inúteis. Há muito vivia sempre com medo, fome e frio... Talvez por encontra-me mais sóbrio decidi ficar naquele ambiente, sem desejar fugir, pois tive várias oportunidades para tal. Felizmente, estava fraco demais, sonolento, com medo. Afinal, nunca havia me interessado por estudar e refletir sobre o bem, sobre o Criador... Aliás, nem sabia ao certo se estava ou não morto... Descobri por dedução lógica naquele local... Chegamos logo pela manhãzinha. Estava um dia cheio de Sol... Muitos companheiros chegavam a este local, uns chegavam em estado de sono profundo, outros piores que eu... Pelo menos eu conseguia sentar e até andar... Em poucos minutos, estávamos sob

Ao Toque do Piano

Um toque no piano, um som, uma luz... a esperança que renasceu naquela alma que tudo perdeu... Vivian era uma mulher agora só... Mas nem sempre fora assim... Vivera uma vida intensa e corajosa... Nascida na Inglaterra nos primeiros anos do século XX, nossa querida amiga crescera em regime de educação esmerada e bem construída. Com pais liberais, cresceu aproveitando todos os recursos disponíveis, aliando-os à sua natural inteligência do espírito. Era uma verdadeira dama! Com vinte anos se casou com um cavalheiro de bom coração e grande senso de justiça, Mr. R. B. Ruster. Logo tiveram dois filhos... Um garoto belo como a mãe e uma menina alegre e bela, mas puxando o pai. Viveram bem por muitos e muitos anos... Todos os dias, ao findar o jantar, aquele mesmo piano que ela acabara de tocar era o centro das atenções. Ali eram entoadas diversas canções, desde os maiores clássicos, até as músicas contemporâneas da época... Muitos amigos, parentes e até pessoas influentes passaram noites

Descobrindo Deus

Leandro era um rapaz saudável, inteligente, amável... Embora sozinho e tímido, tinha gestos e pensamentos louváveis... Seus pais eram diferentes do que ele gostaria. Estavam presentes, embora distantes e ausentes de sua vida. Deram-lhe a educação do mundo. Com seus conceitos e preconceitos de tudo... Não lhe ofereceu orientação espiritual... Que ele se decidisse quando tivesse idade para tal... Sabia que existia um deus, distante, mudo como uma estátua e não lhe inspirava reverência alguma, era apenas uma convenção social... Assim foi vivendo Leandro... Tornou-se adulto... Casou-se, conseguiu um bom emprego... Depois se tornou dono do próprio negócio... Teve dois filhos, um casal... Tudo corria bem. Procurava ser justo, disciplinado e por vezes disciplinador ao extremo com os outros. Não entendia bem as dificuldades do próximo. Era inteligente e para ele quem não o era significava que não se esforçara para tal! Não era avesso as manifestações religiosas e espirituais, assim como s

O Orador

Juvenal era um homem sério e probo. Sempre que possível auxiliava o próximo independente da hora, dia ou noite. Embora fosse ateu, pois não conseguia compreender que Deus poderia ser vingativo, injusto, caso O existisse... Como afirmava as religiões as quais conhecera desde criança. Assim, Juvenal contrariado chegou a uma conclusão, não muito fácil e agradável, de que Deus era apenas uma invenção do homem no mundo. Não acreditava na existência do Criador, mas respeitava os que em nome Dele faziam o bem. Embora tal fato incomodava-o, pois acreditava que aqueles homens e mulheres de fé eram muito ingênuos. Quando os fiéis desejam convertê-lo ele ficava bastante contrariado, algumas vezes deixou de participar de algumas atividades de auxílio por conta disto. No entanto, numa tarde de trabalho a qual participava de um curso, subiu ao palco do auditório um senhor com cerca de seus sessenta anos... Ele estava vestido de camiseta e calça jeans, algo incomum para aquele ambiente, onde todos

Plano B

Feliz é o homem o qual sabe admirar e agradecer a Deus a vida que lhe rodeia. Felipe era um rapaz sério, tímido e muito inteligente. Vivia de forma comum a tantos jovens... Era tão simples que passava despercebido perante aqueles a sua volta. Tinha muitos talentos os quais procurava esconder, não por falsa modéstia, mas por receio de não ser aprovado pela sociedade. Afinal, o mundo o qual observava mostrava-se cruel a qualquer passo dado em falso... Mesmo que esse estivesse baseado na verdade, poderia surgir uma injustiça e a vida da vítima acabar. Neste modelo de sociedade que exalta celebridades, a maioria delas bem passageira, como cometas ou estrelas cadentes... O jovem Felipe estudara música desde cedo. Sempre gostara de ler e escrever. Gostava de escrever histórias, músicas, poemas, reflexões, monólogos... Tinha a disciplina em aprender... Mas como era dedicado ao extremo, passava horas isolado vivendo a sua vida com arte, esquecendo que a própria vida também é uma forma de

Promessa não Cumprida

Um sussurro no ar. Foi o que Terêncio ouviu sem mais, nem menos... O medo invadiu o seu ser, para logo depois dar espaço a inspiração pura e clara como não poderia compreender, por isso, quis crer que era sua inteligência simples e avantajada, a qual lhe dava todo movimento em sua arte fazer. Era um trovador e cantor da idade média. Vivia sob a tutela de um mecenas, um senhor feudal o qual lhe dava tudo, de comer e beber, de usufruir e descansar... Em troca exigia diversão e distração! Naqueles dias, Terêncio estava com problemas para criar novas músicas, poemas, histórias, as quais pudessem distrair o seu senhor e convidados. Sempre tivera muita facilidade para tal, mas parecia estar cansado e não sabia se agradaria o senhor naquela toada que permanecera. Há algumas horas estava ali e nada lhe vinha à mente... E o pior, ele tinha apenas duas horas para se preparar para um jantar importante que o amo teria naquela noite... Ele realmente necessitava criar algo. Caso contrário, o

Samba para Deus

Vinha Aderbal cantarolando na rua da favela, com sua roupa de sambista completa. Calça branca, camiseta listrada na horizontal em branco e azul turquesa, cavaquinho numa mão em que ele dedilhava baixinho uma nova música que lhe vinha à mente naquele instante. Era ele um homem comum que nas horas vagas gostava de levar alegria onde estivesse, não importasse onde. Nos finais de semana encontrava com os amigos e os acompanhava, não na bebida, pois nunca gostara, mas na alegria de cantar e dançar o samba! Este ritmo era a seu ver, obra divina, que leva alegria e felicidade plena a todo ser. Quando cantava e tocava Aderbal podia sentir a presença divina ao seu lado. Compunha inúmeras melodias neste ritmo alegre e contagiante, suas letras exaltavam sempre o sambista malandro, mas bondoso. De coração aberto e pronto para auxiliar quem quer que seja! Naquela noite, ele voltava de uma roda de samba e mais cedo, ele havia cantado e tocado para uma velhinha doente que como ele amava este rit