Os Talentos dos Vícios

Para Frederico seus sonhos eram os tesouros dos céus! Desde pequeno insistira com seus pais, os quais tinham boas condições financeiras e não desejavam que ele desenvolvesse com afinco alguma habilidade artística, pois o queriam como médico, advogado ou engenheiro. Nosso querido amigo, sonhava com os palcos da vida. Tinha o sonho de muitos. Cantar e encantar com sua voz, com seu talento a fim de ser admirado por muitos fãs e ter a fama, o sucesso, que via os artistas da TV.
Com muito custo e insistência, ganhou um violão do pai que o matriculou numa escola de música. Aos poucos, seu talento foi se mostrando realmente e no mínimo interessante. Aprendia com afinco e disciplina. Estudava e praticava todos os dias. Com a graça divina pareceu que Frederico era como um “bem-te-vi” ou uma cotovia. Tocava e cantava com beleza e alegria.
A princípio se apresentava em casa, depois na escola e com o tempo entre os amigos. Estava sempre disposto e feliz para tocar e encantar na vida. A única condição é que não deixasse os estudos e que a música fosse apenas um hobby.
Com o tempo Frederico cresceu e ao decidir por uma carreira quis ser músico em detrimento às ideias dos pais, que não gostaram nada de saber que ele havia feito tal opção. Tentaram demovê-lo daquela vontade absurda aos seus olhos e lhe deram um ultimato: “ou escolhe sua família e o conforto de um lar ou a música”.
Pobres pais quiseram acreditar que com tais fariam mudá-lo de ideia... Triste engano! No outro dia, Frederico estava com uma mochila nas costas e seu violão. Dormiu por alguns dias na casa de um amigo. Buscou trabalho. Como era inteligente e bem simpático conseguiu algo logo para se sustentar e alugar um cantinho. Nas horas vagas, estudava e praticava a música... Infelizmente, pelo trabalho não pôde continuar na faculdade que tanto amara. Mas o seu sonho não se desfizera... Esforçava-se muito para seguir adiante. Não demorou muito, conseguiu algumas oportunidades, quase na base da insistência e de implorar regiamente para tocar em bares e até botecos diversos nas noites. Era um complemento razoável de seu salário.
Com os dias, com seu talento, passou a ser chamado para locais melhores, aumentando o seu cachê, até que pode largar o emprego diurno para se dedicar as apresentações, geralmente noturnas. Chamava a atenção não só por seu talento, mas por sua beleza. Essa lhe rendeu alguns relacionamentos um pouco perturbados, pois que eram mais atrações físicas, do que encontro de almas afins... Além do início na bebida alcóolica e cigarro, oferecidos por admiradores e pessoas simpatizantes do seu trabalho.
É certo que Frederico, o qual mudara seu nome para ser algo mais artístico, desistira do cigarro, contudo ele que nunca havia bebido enquanto esteve morando com seus pais, começara a tocar e cantar com um copo de cerveja, uísque, batida, vinho entre outros. Até porque o álcool o deixava inicialmente mais desenvolto perante o público.
Após as apresentações, geralmente era convidado para sentar a uma mesa com amigos, ou mesmo desconhecidos. Homens e mulheres admiravam seu talento e simpatia, queriam-no ao lado para um bom papo e talvez algo mais... Aos poucos, sem perceber, a bebida passou a ser companhia indispensável. No início ainda se controlava durante as apresentações e nesta época recebeu a proposta de gravar seu primeiro trabalho para o público e deu certo. Este adorou sua voz, simpatia e beleza! Dos bares saltou para os palcos e shows. Camarins sempre repletos de bebidas e mulheres...
Quanto aos pais, ele ficara mais ofendido, pois eles não o idolatravam, pelo contrário, chamaram sua atenção vendo que Frederico se enveredara intensamente no vício da bebida... Por fim cortou qualquer relação alegando que nunca recebia o apoio dos genitores... Com o tempo, o vício ainda não admitido foi atrapalhando seu talento. As composições que falavam de amizade, alegria sincera, responsabilidade social, passaram a se voltar para futilidades do cotidiano, da vida... Ficaram muito mais comerciais, conquanto, seu desempenho como artista foi se enfraquecendo e ele mesmo acabou por se prejudicar... Quando conseguiu admitir ainda tentou se recuperar, mas o álcool o dominava. Nunca havia se preocupado com a existência do Criador e não acreditava no auxílio das pessoas por simples vontade de auxiliar.
Quando se envolveu em vários escândalos foi dando fim a carreira e ao patrimônio adquirido em poucos anos... Neste momento percebeu que o vício da bebida dera-lhe uma rasteira. Os amigos de antes foram embora... As moças que se interessavam por ele evaporaram... Os empresários que ganhavam dinheiro com seu talento sumiram... E para completar tudo, um acidente pela imprudência de dirigir alcoolizado lhe tirou a beleza e independência de viver e fazer tudo por conta própria...
Um triste momento, ao qual só os velhos pais lhe estenderam as mãos... Um talento que foi perdido por invigilância e falta de orientação, mas também por vaidade, orgulho e egoísmo, ou simplesmente imaturidade de vida. Não nos cabe julgar. Apenas espelhar este exemplo tristonho para que não seja repetido tanto quanto vem ocorrido nestas últimas décadas. Infelizmente este não é nem o primeiro e nem será o último caso parecido... O artista que não se vacina com boas condutas acaba sendo “engolido” pelas facilidades ilusórias do mundo... Pensemos!

Jesair Pedinte – 16.01.15, psicografado por Jerônimo Marques.

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