Descobrindo Deus
Leandro era um rapaz
saudável, inteligente, amável... Embora sozinho e tímido, tinha gestos e
pensamentos louváveis... Seus pais eram diferentes do que ele gostaria. Estavam
presentes, embora distantes e ausentes de sua vida. Deram-lhe a educação do
mundo. Com seus conceitos e preconceitos de tudo... Não lhe ofereceu orientação
espiritual... Que ele se decidisse quando tivesse idade para tal...
Sabia que existia um deus, distante,
mudo como uma estátua e não lhe inspirava reverência alguma, era apenas uma
convenção social... Assim foi vivendo Leandro... Tornou-se adulto... Casou-se,
conseguiu um bom emprego... Depois se tornou dono do próprio negócio... Teve
dois filhos, um casal... Tudo corria bem. Procurava ser justo, disciplinado e
por vezes disciplinador ao extremo com os outros.
Não entendia bem as
dificuldades do próximo. Era inteligente e para ele quem não o era significava
que não se esforçara para tal! Não era avesso as manifestações religiosas e
espirituais, assim como sua esposa. Por outro lado, também via como simplórias
demais, embora verificava o seu lado positivo se isto funcionava para alguns.
Só não podiam querer convertê-lo ou decliná-lo a seguir alguma destas religiões
ou seitas como ele mesmo via.
O tempo foi passando e já
maduro com filhos pré-adolescentes, em viagem de passeio num dos alpes
europeus, ele se acidenta tragicamente e perde a consciência... Entra em coma e
permanece em tal estado por algum tempo. Por mais que o corpo físico se
recuperasse dos ferimentos, algo parecia mantê-lo ali, preso ao corpo sem poder
se manifestar. A família que até então nunca fora religiosa ou dada a questões
espirituais começa a recorrer aos amigos e outros que acreditavam em tal... Mas
nada... O quadro, meses depois não se modificava...
Com alguma melhora, Leandro
em coma retorna ao Brasil, onde fica internado por mais alguns meses num
hospital conceituado... Certa feita, um grupo de jovens e adultos que estavam visitando
o hospital na ala de combate ao câncer realizando um trabalho sem bandeiras
religiosas, mas apenas a da caridade a fim de alegrar e ajudar os pequenos
pacientes a terem melhor qualidade de vida através dos sorrisos, olhares, abraços...
Um destes jovens é intuído por amigos das esferas adjacentes... Leandro, que em
espírito já acompanhara diversas vezes aquele trabalho com interesse, surpreende-se
e retorna a seu quarto.
Naquela tarde, os jovens
pedem permissão aos responsáveis pelo hospital de irem visitar alguns doentes
em estado terminal ou sem mudanças em seus quadros de recuperação... Havia
cerca de um ano que Leandro estava em tal situação... A enfermeira chefe lembrou-se
e intuída orientou ao grupo que fosse até ele primeiro, mas que usassem apenas
recursos os quais não fossem muito agitados...
No grupo havia um violinista
e um violeiro, mais uma jovem que com sua bela voz encantava a todos. Ao
adentrarem no quarto, a jovem voluntária e cantora fez uma prece do “Pai
Nosso”, pela primeira vez o espírito de Leandro que estava no ambiente, ao lado
de seu corpo, pode prestar a atenção às palavras desta prece... Pela primeira
vez as achou lógicas e emocionantes... Em seguida o violino começou a evoluir
numa melodia serena o qual foi acompanhado pelo violão, para depois a voz
harmônica da moça entoar emocionante música.
“No céu azul vive um homem
Que deseja ver o mundo novamente
Em sua essência de bondade
E justiça...
Deseja ver suas crianças brincando e
sorrindo
Seus bichinhos de estimação correndo a
seu encontro
E as árvores balançando suas folhas pela
brisa...
Neste céu azul em que flutua sente-se bem
Mas quer descer e viver lá embaixo
novamente...
Sentindo as vibrações de amor
Sentindo o toque carinhoso de um abraço
Ou de um aperto de mão...
Lá de cima, o homem deseja descer
Lá de cima o homem deseja viver!
E quando menos espera
Ele lá embaixo já se vê
Olha para o alto e sorri
Pois agora a sua volta
Tem tudo que lá de cima desejava...
Olha para o alto e agradece
A Alguém que nunca viu
Mas que agora ali tem a certeza
Que para sempre irá Sentir!
Olha para o alto e agradece
A vida que Deus lhe deu!
A vida que Deus lhe deu!”
Ao findar da voz inspirada,
todos os jovens pareceram acordar, pois que aquela música era inédita em seu
entoar... Não sabiam de onde havia vindo, ou saído, apenas sentiam que a haviam
ali mesmo recebido...
Emocionados todos, inclusive
a esposa que entrara logo no início da canção, finalmente vê Leandro, pela
primeira vez em muito tempo abrindo os olhos e dizendo com voz ainda fraca: “voltei,
graças a Deus!”
Jesair Pedinte – 10.04.15,
psicografado por Jerônimo Marques.
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