O Orador
Juvenal era um homem sério e
probo. Sempre que possível auxiliava o próximo independente da hora, dia ou
noite. Embora fosse ateu, pois não conseguia compreender que Deus poderia ser
vingativo, injusto, caso O existisse... Como afirmava as religiões as quais conhecera
desde criança. Assim, Juvenal contrariado chegou a uma conclusão, não muito
fácil e agradável, de que Deus era apenas uma invenção do homem no mundo. Não
acreditava na existência do Criador, mas respeitava os que em nome Dele faziam
o bem. Embora tal fato incomodava-o, pois acreditava que aqueles homens e
mulheres de fé eram muito ingênuos.
Quando os fiéis desejam convertê-lo
ele ficava bastante contrariado, algumas vezes deixou de participar de algumas
atividades de auxílio por conta disto. No entanto, numa tarde de trabalho a
qual participava de um curso, subiu ao palco do auditório um senhor com cerca
de seus sessenta anos... Ele estava vestido de camiseta e calça jeans, algo
incomum para aquele ambiente, onde todos vestiam terno ou roupa social, por se
tratar de um congresso de negócios...
A princípio acreditou que
aquele senhor era uma piada ou que desejava passar um recado... Mas não... Era
o orador daquela tarde! Juvenal franziu a testa e respirou fundo, pois tinha
certeza que o período seria longo ouvindo aquele senhor o qual iniciou a
palestra termos:
- Reparta o que possui com o
máximo de pessoas, assim terás multiplicado toda a tua inteligência e ventura,
possível de amealhar em sua existência!
Tudo bem que repartir com o
outro era algo nobre e Juvenal fazia com frequência. Contudo afirmar que deveria
ser sempre e ao máximo de suas possibilidades... Era como executar uma ordem de
venda sem receber... Pensou Juvenal.
- Havia dois irmãos que eram
filhos de um comerciante. Os dois recebiam sua mesada todos os meses para gastos
livres, embora o pai os aconselhasse para economizar pensando num futuro. Os
dois garotos só pensavam em gastar o dinheiro com brinquedos, figurinhas, coisas
divertidas que os colegas já possuíam, e assim, a mesada era evaporada em
poucos dias... Vendo esta situação o pai os chama dizendo: “Filhos, vocês ganham
tanto, muito mais que vários meninos da idade a qual se encontram, não precisam
trabalhar, apenas estudar. Não acham que a vida de vocês está faltando algum
sentido nobre para seguir?”
Os dois irmãos admiravam e respeitavam
muito o pai. Quando ele falou estas palavras passaram a pensar em como poderiam
seguir o conselho do genitor... Certa tarde, voltando da aula com parte do
dinheiro guardada na mochila, eles viram um ambulante vendendo sanduíches muito
bonitos e com certeza gostosos... Não pensaram duas vezes e se propuseram a
comprar um para cada... Saíram felizes, pois estavam com fome e os sanduíches
enormes tampariam o buraco sem fundo de seus estômagos! Ainda mais que estavam
acompanhados de um copo de suco delicioso.
Mal havia dado uma mordida no
lanche e viram uma mãe com uma criança pequena de cerca de 3 anos. Os dois
sentados na calçada tristes. O menino com lágrimas ainda escorrendo dos olhos e
a mãe estendendo a mão, mas de cabeça baixa envergonhada por pedir... Os
garotos se entreolharam e não pensaram duas vezes. Ofereceram o lanche todo
para a mãe e o filho que sorriram e pediram bênçãos aqueles garotos. Esqueceram
até mesmo que estavam com fome, pois com certeza não a conhecia de forma
verdadeira, entretanto tinham acabado de alimentar a alma por um gesto nobre de
compartilhar e doar não só um lanche, mas dois belos sorrisos de felicidade!
A partir deste fato passaram
a observar melhor o próximo. A cada dia gastavam suas mesadas com pessoas que
acreditavam estarem necessitadas. Um dia compravam lanche para um andarilho,
outro um livro para um colega em dificuldade, adiante um tênis para uma criança
descalça, mais a frente um pouco de ração para um filhote de gatos... Enfim,
sempre que podia buscavam auxiliar de coração, utilizando do próprio dinheiro o
qual recebiam da mesada.
Aliás, passaram a mobilizar
outros amigos a fim de auxiliar aqueles que viam em necessidade e se
encontravam em situações acima de suas possibilidades financeiras. Claro que o
Pai ficou feliz! Quando eles cresceram, aos poucos foram assumindo os negócios
da família e jamais deixaram de auxiliar. Destinavam sempre boas quantias aos
desassistidos da vida. Mais do que destinar as quantias, eles iam ao encontro
destes irmãos em desdita...
Faziam amizades as quais não
eram apenas contatos rápidos e sem laços. Mas para toda a vida. Conheceram
muitas pessoas que foram trabalhar com eles e para eles por gratidão e amizade.
Expandiram pouco a pouco o comércio herdado pelo pai sem nunca esquecer os
desvalidos. Hoje, o lucro deles chega na casa dos muitos milhões... Embora isso
aconteça, não deixam de servir e doar, compartilhar, pois o que ganham nestes
momentos é muito mais valioso do que qualquer lucro financeiro nesta vida!
O velhinho parou com
satisfação e viu o olhar incrédulo de sua plateia, inclusive de Juvenal! Logo
em seguida, despediu-se e o organizador do evento, chefe de todos os que
estavam presentes, veio finalizar as palavras daquele senhor.
Juvenal e os demais estavam a
se perguntar do porquê terem colocado o velhinho para contar uma história tão
fantasiosa assim... No que logo o organizador veio esclarecer.
- Pelos olhares de vocês,
meus amigos! Creio que não compreenderam ou acharam uma história fantasiosa, sem
auxílio algum para auxiliar na melhoria de nossa empresa – quase todos
balançaram a cabeça em afirmativo. Contudo informo que este senhor é um dos
irmãos desta lição de solidariedade... E mais, ele é dono de toda esta empresa
que hoje é o império a qual sabermos ser...
Juvenal e os demais ficaram
estupefatos. Não acreditaram no que ouviam. O senhor voltou para dizer uma vez
mais as palavras que ouviu do pai há muitas décadas, apenas adaptando para
nossa realidade: Meus amigos, vocês ganham tanto, muito mais que vários homens
na idade a qual se encontram. Não acham que a vida de vocês está faltando algum
sentido nobre para seguir? Compartilhem e colherão as alegrias da verdadeira
felicidade! Muita paz!”.
Jesair Pedinte – 06.02.15,
psicografado por Jerônimo Marques.
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