Ao Toque do Piano
Um toque no piano, um som, uma
luz... a esperança que renasceu naquela alma que tudo perdeu... Vivian era uma
mulher agora só... Mas nem sempre fora assim... Vivera uma vida intensa e
corajosa... Nascida na Inglaterra nos primeiros anos do século XX, nossa
querida amiga crescera em regime de educação esmerada e bem construída. Com
pais liberais, cresceu aproveitando todos os recursos disponíveis, aliando-os à
sua natural inteligência do espírito.
Era uma verdadeira dama! Com
vinte anos se casou com um cavalheiro de bom coração e grande senso de justiça,
Mr. R. B. Ruster. Logo tiveram dois filhos... Um garoto belo como a mãe e uma
menina alegre e bela, mas puxando o pai.
Viveram bem por muitos e
muitos anos... Todos os dias, ao findar o jantar, aquele mesmo piano que ela
acabara de tocar era o centro das atenções. Ali eram entoadas diversas canções,
desde os maiores clássicos, até as músicas contemporâneas da época... Muitos
amigos, parentes e até pessoas influentes passaram noites agradáveis ao lado
dos Rusters em conversa fraterna e sempre respeitável.
Não raras vezes, os
empregados do casarão participavam destes serões musicais, onde se tocavam
músicas em homenagem aos santos da Igreja, mas principalmente à Jesus, Maria e
Deus, o grande Criador! Católicos fervorosos, mas com características de
grandes pensadores, estavam sempre rendendo graças ao Senhor por meio da
música. Quando os meninos cresceram, além do piano, aprenderam outros
instrumentos e Ana Belle, a caçula, mesclava tudo aquilo com sua belíssima voz
que ao cantar com o coração fazia com que todos a vissem como um Anjo
materializado na Terra!
Os anos se passaram, os
meninos cresceram, Vivian e seu esposo foram amadurecendo em suas convicções e
forma de viver a estarem sempre a auxiliar o outro baseado no evangelho do
Cristo. Encontravam sempre uma desculpa para utilizar a música a fim de
auxiliar o próximo. Promoviam diversos saraus naquela casa em que convidavam
diversos amigos e conhecidos ricos e influentes para contribuírem
financeiramente nas obras sociais que promoviam em favor dos desfavorecidos...
Entretanto, na luta por um
mundo de paz, em plena 2ª Guerra Mundial, o Mr. Ruster se voluntariou para
negociar alguns tratados de paz com o lado alemão e seus demais aliados.
Infelizmente ele caiu em mãos inimigas e mesmo demonstrando caráter e respeito,
foi lhe tirado o direito de estar entre os vivos na matéria...
Tal fato foi um choque para
Vivian... Além disso, em poucos meses os pais alegres, dedicados e amorosos
faleceram em virtude de uma pneumonia... Antes de findar a guerra, o rapaz,
William se dispôs a servir o país, já que era médico, o qual perdeu a vida no
campo de batalha, vitimado de uma doença infecciosa adquirida num dos campos de
concentração nazista, após ser capturado...
A guerra se foi deixando
marcas em todo o mundo, não fora diferente para Vivian e Ana Belle que também
perdeu o noivo na batalha... Em depressão, a filha foi definhando e o câncer
prematuro a lançou para os braços da morte física... Lá estava Vivian... Em
poucos anos perdera os entes mais próximos e queridos... Vitimados direta ou
indiretamente pela grande guerra que ceifou milhões de vidas em toda a Europa e
outros países da Ásia e América...
Agora só, em casa, triste e
sem gosto de viver ela havia se lembrado do piano, que guardava tantas
alegrias... E de repente, sem saber como e nem por que, começou a tocá-lo
inspirada, na verdade, pelo seu próprio esposo em espírito.
Enquanto tocava, relembrava
tudo que vivera... Chorou muito sem parar de tocar. Mas quando a última lágrima
desceu veio à sua mente pensamentos para recobrar os serviços em favor dos
desfavorecidos... Ela então, com muitos recursos financeiros que possuía e que
haviam aumentado com o marido, retomou as rédeas da vida e passou a novamente
promover saraus, entre outros eventos e com os resultados auxiliou milhares de
pessoas em homenagem aos seus que partiram!
Viveu até seus quase noventa
anos e sem exaltar-se ajudou mais de dez mil famílias em toda a vida! O que a
arte tem a ver com tal episódio? Foi a música que a aproximou das boas
vibrações! Foi a música e a arte em si que lhe proporcionou a recolher
benefícios e fim de redirecioná-los para o bem comum! Foi a arte que abriu às
portas para o amor!
E não poderia deixar de
ser... Quando nos últimos suspiros, já quase desprendida do corpo, o espírito
de Vivian passou a escutar o som de um piano, depois de um violino, uma flauta
e por fim, de três vozes conhecidas: seu esposo e dois filhos... Que alegria!
Assim, ela foi recebida e levada à pátria verdadeira em meio a vibrações
alegres e confortadoras!
Jesair Pedinte – 17.04.15,
psicografado por Jerônimo Marques.
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