A Culpa não é do Outro

Epifânio era homem sem eira e nem beira...
Vivia quase sempre de bobeira
Sem objetivos que lhe viesse à cabeça
Para lhe mostrar que a vida poderia ser boa à beça...

Enrolado nos próprios erros...
A preguiça o dominava,
Escondido de si sempre estava
Com gritos de ecos mudos...

Epifânio culpava a vida
Que não lhe dera pai,
Mas lhe oferecera brava mãe...
Ao que ele desdenhava e culpava...

Pobrezinha, tudo por ele fazia...
Mas Epifânio sempre esbravejava e dizia
Culpa sua: não me deu um pai!
E agora só ele poderia educar e ensinar-me...

Saía batendo o pé, de peito estufado!
Sentindo-se vencedor de uma batalha,
Que só ele lutava...
Pois que sua mãezinha de coração esmigalhado
Chorando ficava...

Foi assim que nosso amigo vivia.
Culpando os outros pelos tropeços que tinha...
Quando ele mesmo via a pedra ou galho,
Outras vezes um ferro e até objetos variados,
Para tropeçar e cair... Machucar e chorar...
E como menino deseducado, espernear...

Os que lhe conheciam já sabiam
De sua falta de senso...
E não lhe davam mais bola
O que o deixava ainda mais revoltado!

Só recebia vez ou outra...
Carinho e atenção
Dos que por vez primeira lhe cruzavam
O caminho esburacado... Praticamente abandonado...

Quando percebeu... Nem mesmo os desconhecidos,
Já avisados de seu procedimento
Buscavam cruzar seus caminhos...
Pois é o que acontece aos que enlameiam suas rotas
Esquecendo o bom procedimento ensinado pelo Divino em linhas tortas!

Quando lembrou-se da mãezinha...
Ela, ignorada já havia deixado a vida
E como sempre blasfema Epifânio
Contra tudo e todos até atenta contra a própria vida...

Eis que lhe surge,
Com divina misericórdia, a mesma mãezinha...
Que lhe implora com energia nunca vista
Ordenando, na verdade, bom senso e coragem
De assumir suas escolhas...
Encarando-as como homem que nunca fora!

De olhos arregalados de susto,
Não pelo “fantasma” materno,
Mas pela energia da pobre genitora...
Epifânio engole seco, abaixa a cabeça
E obedece o conselho materno...

“Filho meu, deixe de ser vítima de si mesmo!
Procure mudar o foco negro de seus olhos
Clareando os passos, desviando dos percalços...
Aprume-se e ande sem reclamar ou nunca mais venha me chamar!”

Epifânio, então acorda do pesadelo de si mesmo...
Deixa a preguiça de lado
E começa finalmente a viver,
Depois de meio século de vida inútil e estéril!

Não perca tempo hoje meu amigo...
Olhe além do próprio umbigo!
Assuma seus erros e ajude
Sempre que possível!


Sodré, o ritmista atendendo o pedido de Epifânio tardiamente despertado de si mesmo para vida – 11.08.14, psicografado por Jerônimo Marques.

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