Dever do Bem Comunicar
Ouço uma voz a me chamar...
Viro-me e encontro o eco do meu passado
A dizer-me: “- Sodré, o que você fez com seu dom
especial de se comunicar?”
No início entreguei-me de corpo e alma,
Coração sincero no desejo ingênuo
De mudar a Terra e transformá-la
Num mundo melhor
Com palavras belas e eternas!
Numa folha branca,
Rabiscada pela tinta cruel...
Minhas mãos corriam céleres
Transportando meus pensamentos diversos
Para a bandeja flexível da celulose antes neutra
E sem grandes perspectivas, a não ser de se tornar
Material perverso com o lixo de destino...
Com o tempo, esqueci-me dos idealismos...
Afinal esses são coisas de jovens sonhadores,
Não de homens práticos e realistas!
Afundei-me no orgulho e presunção
Da fama conquistada pelo talento em profusão!
Dissequei dizeres e palavras rebuscadas,
Embora torpes e que nada de útil acrescentavam...
Foi assim... Fui caindo num abismo sem fim...
Quando me dei conta...
Percebi... É verdade que me comunicara muito
De forma desvirtuada e “desvirtuante”,
Que envenenou meus leitores afoitos
Ingênuos deslumbrados por minha arte!
Retirei deles toda confiança
Numa vida bela e triunfante...
Na fé e na verdade reconfortantes...
Pisei nos sonhos mais cintilantes,
Desenhei paisagens aterrorizantes...
Tanto escrevi e disse com meus verbos,
Adjetivos e palavras bem postas simetricamente...
Elegantes, que me esqueci do otimismo,
Dos verdadeiros sentimentos que são combustíveis
Dos poetas divinos!
Esqueci simplesmente do amor!
De que adiantou comunicar-me para muitos?
Nada espalhei de útil
Desprezei sem dúvidas o Amor Divino!
Sodré, o
ritmista revendo seus erros para finalmente lembrar do amor – 24.01.14, psicografado
por Jerônimo Marques.
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