Esclarecendo Dúvidas - Fé, Amor e Conhecimento na Arte
Basta a fé e o amor para realizar um trabalho de arte?
Sabemos que o objetivo desta simplória pergunta é apenas o de reforçar tal pensamento, por isso vamos respondê-la para que fique bem claro como funciona qualquer trabalho! Não apenas o trabalho com arte!
Caso a fé e o amor fossem suficientes para a realização de um trabalho, bastaria ao mundo ter pessoas possuidoras destes dois parâmetros para curar todas as injustiças e enfermidades do orbe terreno!
É uma grande e falsa ideia esta que muitos espiritualistas utilizam para justificar a preguiça de buscar o conhecimento especializado1 para realizar qualquer atividade que se pensa ou deseja realizar. É uma incoerência tão grande que não podemos mais nos calar e fingir que está tudo bem.
É preciso separar e discernir com bom senso algumas colocações de grandes missionários que pisaram na Terra em toda a história da humanidade terrena... Muitas vezes, por humildade, por se comportarem sem ostentação do grande conhecimento que possuíam em várias áreas do conhecimento humano e universal2, preferiam afirmar que eram apenas servos, empregados, humildes trabalhadores e que o conhecimento científico ou técnico deveria ficar a cargo daqueles que tinham boa vontade e mais inteligência para tal. Mas na verdade, estes missionários possuíam muito mais inteligência, sabedoria do que os outros encarnados que eram cientistas e sábios. O que lhes diferenciava era justamente aliar todo este conhecimento com a fé e o amor verdadeiros. Coisa que poucos de nós conseguimos ter de forma límpida e acordada com os ensinos divinos. Ou algum de nós, seres em evolução e crescimento, por mais que façamos algo positivo e benéfico podemos afirmar com toda certeza de que sabemos o que é AMAR e o que é ter FÉ verdadeiros?
Ainda podemos dizer que estes missionários não possuíam muito tempo para se dedicar aos estudos como tantos outros se dedicavam, porque não vieram para desenvolver estes aspectos e sim exemplificar a fé e o amor, em consequência, a humildade. Mas o principal motivo é que eram e são, agora muito mais, espíritos com grandes conhecimentos universais e que não necessitavam frequentar cursos para um aprendizado que já fazia desde muito, parte de seu arcabouço de sabedoria espiritual.
Assim, o argumento de que tais espíritos missionários que trabalharam, não só com a arte, mas em todas as áreas de crescimento do conhecimento humano (científica, religiosa, filosófica) não se propunham a estudar os conhecimentos da humanidade em tais áreas de conhecimento é muito falho e simplesmente não são coerentes com a própria Lei de Evolução. É preciso ter mais calma e discernimento ao analisar algumas passagens de vida de tais espíritos missionários. É preciso considerar mais alguns aspectos para não reduzir e/ou fanatizar seus comportamentos como regra geral para todos seguirem, principalmente se não atendem o que a Lei Natural indica.
Para fechar esse pensamento, Allan Kardec foi um grande estudioso e deixou bem claro a importância dos estudos na continuidade de sua obra codificadora. A Doutrina Espírita não pode ficar estanque. Ela deve sempre evoluir com bom senso, acompanhando o progresso.
Portanto, fica bem claro que só a fé e o amor não são suficientes para o trabalho com a arte ou qualquer outro trabalho em qualquer área de conhecimento humano! Mesmo nos trabalhos assistenciais! Quanto mais conhecimento, aliado a fé e ao amor, mais qualidade no atendimento e mais pessoas são beneficiadas! O que não significa dizer que o conhecimento é mais importante. Se precisarmos escolher, escolhamos o amor e a fé em Deus!
Basta relembrar o ensino de Jesus “amai-vos e instruí-vos”. Amar sem conhecer não basta. Nem conhecer sem amar, que fique bem claro! Ambos se completam e a fé é o cimento que faz com que as duas permaneçam juntas!
Jesair Pedinte e amiGOS – 02.03.12
Mas o amor, a boa vontade não é mais importante do que o conhecimento das técnicas artísticas?
Compreendemos o intuito deste questionamento que é apenas para melhor esclarecimento e aprendizado. A resposta não pode ser diferente do que já temos afirmado.
É claro e extremamente correto dizer que sem o amor e a boa vontade não existe arte do bem. Não há beleza e nem bondade no trabalho artístico sem essas características.
Entretanto, é impossível que haja beleza sublime sem que o artista dedique-se aos conhecimentos das técnicas. É preciso que os artistas ligados às religiões, principalmente o espírita, compreenda de uma vez por todas que cada um que se propõe a fazer uma arte do bem e de qualidade, só o fará conhecendo as Leis Divinas, tendo boa vontade, mas também e com a mesma importância dos outros aspectos, cultivando e procurando conhecer as técnicas e conhecimentos da arte que será trabalhada.
É necessário entender que o conhecimento técnico da arte também é inspirado por Deus! Por que então essa separação? Como podem os artistas que se prezam como espíritas, religiosos em geral, deixem de lado o conhecimento técnico das artes musicais, plásticas, cênicas entre outras?
Meus amigos, é impossível a qualidade vir sem conhecimento que o mundo adota como técnico. É como um vaso que se apoia em três pés. Caso um é quebrado, o vaso tomba para aquele lado do pé que foi quebrado e não se sustenta mais.
Amigos espíritas, estejam alertas quanto ao que acabamos de colocar para reflexão. Não se escondam nas dificuldades financeiras para deixar de procurar os conhecimentos técnicos. É louvável o amor e a boa vontade que possuem para fazer uma arte do bem. Mas a beleza só será concreta com o aperfeiçoamento das técnicas que são também divinas! Pensemos nisto!
Jesair Pedinte e amiGOS – 02.03.12
1 - “O estudo, em qualquer campo onde se pretenda eficiência, é sempre exigência fundamental. Todo aquele que encara seu trabalho com dedicação e seriedade não pode abrir mão dele. Sempre há algo que se precisa aprender. [...]. Dedicação e estudo constituem os principais fatores para a realização de um bom trabalho.” (GURGEL, Luiz Carlos de M. O Passe Espírita. 5 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006)
2 - “Os missionários são espíritos superiores que encarnam com o fim de fazer progredir a humanidade. [...] Muitos deles atuam em diversos setores da cultura, instilando ideias renovadoras, revestidas sempre de substância edificante. (________. Mediunidade e Evolução. 5 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987)
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