Recomeço Quase Sem Arte
Recomeço Quase Sem Arte
Em pratos limpos Leandro
buscava a solução para tudo. Queria sempre questionar os métodos do seu
professor e mestre... Achava-o ultrapassado, embora fosse respeitável pintor de
seu tempo...
Leandro, um discípulo
talentoso, começava a ganhar destaque por seu talento com o pincel e as cores e
traços, e outras características bem peculiares de seu espírito. Era talentoso,
embora também orgulhoso...
Logo cedo, seu professor, que
reconhecia nele um artista de futuro brilhante, o alertou para ter o cuidado
com a vaidade e o orgulho... Desde então, Leandro encarava o mestre como alguém
despeitado por ver que ele agora começava a ser bem requisitado. Contudo,
reconhecia que o professor ainda era muito mais experiente e talentoso.
Acreditava que ainda podia aprender algumas coisas, embora poucas, com o mestre
a fim de que ele logo pudesse seguir seu caminho.
Certo dia, Leandro fizera belo
quadro sob a orientação do mestre, no qual pintara uma cena cotidiana. E
enquanto os colegas e pessoas leigas o exaltavam pela bela pintura, o mestre,
em particular o parabenizou, mas também chamou sua atenção para alguns detalhes
que deveriam ser melhor observados pelo artista em formação. De forma alguma
foi desrespeitoso e seu intuito era acrescentar. Tudo com muita discrição. No entanto, na
visão de Leandro, fora puro despeito, exatamente o mesmo sentimento que ia em
seu coração!
Exaltou-se e gritou com o
mestre! Tentou humilhá-lo na frente dos presentes e disse que não mais ficaria
ali, pois nada tinha a aprender, tudo aquilo era apenas ciúme de seu talento em
ascensão, enquanto o mentor estava em decadência.
Pobre Leandro... Não percebia
que o mestre já possuía outra visão da vida! Passara também pelas ilusões do
reconhecimento e gratidão dos elogios, nem sempre verdadeiros das bajulações...
Agora estava realmente como um vinho envelhecido, com qualidades superiores
arraigadas em seu ser. Percebera que não precisava de fama ou reconhecimento, e
que agora poderia compartilhar tudo, tudo que tinha aprendido a fim de formar
novos artistas com ideais de bondade, humildade e reconhecimento ao Criador!
Quando Leandro em sua empáfia
se foi, o mentor, embora com tristeza no olhar, pediu aos demais companheiros
que orassem pelo querido discípulo abençoando sua caminhada, além de agradecer
por tudo que aprendera com o aluno...
Alguns colegas não entenderam
muito bem aquela atitude. Em seguida o mestre continuou sua tarefa de ensinar a
arte exaltando sempre o amor, o bem, as virtudes e a autodisciplina!
Anos depois, vemos Leandro em
plena crise criativa... O orgulho e a vaidade sugaram sua criatividade. E seus
quadros agora não eram mais tão apreciados, pois ele perdera a paz de espírito
que possuía antes. Castigo divino? Inveja alheia? Praga do antigo mestre? Nada
disso! Era apenas a consequência de sua escolha em deixar falar mais alto os
vícios da alma.
Não mais naquela existência
procurou o mestre, de quem guardou mágoa profunda, culpando-o por tudo,
principalmente pela decadência de vida... Enquanto o mentor anos depois voltara
à pátria maior e do outro lado pedira a oportunidade de auxiliar o discípulo
antigo... Entretanto, outros amigos mais experientes o orientaram a esperar,
pois suas escolhas o levaram ao sofrimento e à falta de sensibilidade e
sintonia. E quem mais se posicionara fora justamente seu anjo protetor e amigo
que havia ficado para inspirá-lo em vida com belas obras...
Ainda assim, o mestre aguardou
e continuou do outro lado servindo... Até que... Depois de alguns séculos,
vemos mestre e discípulos novamente reunidos na Terra, encarnados, sob a tutela
do mesmo anjo guardião daquela feita!
O mestre é hoje carpinteiro que
trabalha de forma artística os móveis feitos. Já Leandro, nome atual do
discípulo, é apenas um jovem sem qualquer talento para arte. Ainda assim,
aprendeu o ofício com o pai e trabalha com alegria ao lado do mesmo, como
auxiliar, pois tem suas dificuldades motoras que fazem tremer as mãos
impossibilitando materializar as artes que lhe vêm à mente. No entanto, ele as
explica para o pai que capta e transforma em realidade.
É uma bela parceria que tem
funcionado de forma humilde, e nem é o mais importante... O que importa é o
sentimento de amor que agora os une, deixando para trás qualquer tipo de
orgulho e vaidade.
Jesair Pedinte e amiGOS
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