Depoimento: Egoísmo Não!

Entrevista através da psicofonia do médium Jerônimo Marques, em diálogo fraterno sob a orientação da coordenadora espiritual, Abigail, do Instituto Flor de Luz.
Sou Ariana, filha da solidão em meio à multidão. Extremamente egoísta, vivi uma vida voltada para o eu, esquecendo que em todas as línguas existe o nós!
Era a perfeita simbologia desta chaga humana. Considerava que todos deveriam estar a minha volta para servir-me em cada minudência dos desejos e atitudes pequenas até as maiores e mais absurdas invocações e exigências de meu imaturo espírito.
Nasci num lar modesto de um país da península Europeia. Apesar de ter um lar simples e cheio de amor. Fui filha única. Esta pode ter sido a única contribuição negativa de meus amorosos pais. Contudo, atualmente não os culpo como fiz anteriormente. Isto porque eles me tiveram na fase madura da vida, quase idosos... Nem se quisessem poderiam ter me dado irmãos que poderiam ter me ajudado um pouco mais com o combate de meu egoísmo.
Não fui muito mimada, apesar de muito amada. Meus pais sempre eram justos e tentaram de todas as formas me ensinar a ser também justa e boa como eles. Eram muito tementes a Deus. Contudo, eu não acreditava num ser que morava lá no “céu” e nunca nos visitava ou conversava conosco. Não acreditava que ele seria justo e bom, quando vivíamos naquela simplicidade toda, enquanto tinha meus amigos e conhecidos cheios de posses e dinheiro. Invejava-os! Não é preciso dizer que a inveja decorria de meu egoísmo e orgulho ferido!
Cresci muito amada e dando extensos trabalhos aos meus pais. Quando adolescente, consegui convencer um jovem garboso e sua família que eu seria a melhor escolha para ser a rainha do seu lar. Eles tinham algumas posses, bem menos do que eu acreditava.
No meu egoísmo, exigi de meus genitores que conseguissem o valor do dote. Sacrificando suas vidas, saúde e tempo conseguiram amealhar o necessário. Casei-me feliz e acreditei que realmente amava aquele belo e jovem rapaz.
Entretanto, logo nos primeiros meses de casamento, compreendi a realidade e me desiludi. Para mim não bastava à beleza física e muito menos a moral de meu esposo. Assim, procurei aos poucos ir atrás de outros interesses. Nesse interim, desprezei totalmente meus pais e os conselhos bondosos de minha mãe no sentido de valorizar aquele belo casamento.
Engravidei de meu esposo, contudo, não queria ficar desfigurada. Cometi o aborto com medo de ficar com o corpo feio. Pura vaidade, filha do egoísmo e do orgulho. Envolvi-me com outro homem casado, bonito e muito rico. Com ele tramei a morte de meu esposo, para ficar com a propriedade apenas em meu nome, quanto para estar futuramente junto ao meu comparsa.
Ele também tramou a morte da sua esposa e depois de tudo feito, esquecendo os conselhos de meus pais, da bondade de Deus e dando voz apenas para os meus desejos e vontades de baixo teor, nós realizamos este macabro feito de nossa existência.
Graças a Deus, o meu esposo é uma alma muito boa! Mesmo sabendo de minha traição, de minha desdita em todos os sentidos, soube me perdoar... Eu é que ainda não consegui perdoar a mim mesma até hoje... Peço a Deus que eu tenha forças para conseguir recuperar a paz de minha consciência.
Vivi com este outro homem até o fim de meus dias, casei-me pela segunda vez. Por várias vezes cometi outros abortos, por causa disso acabei desencarnando por uma infecção generalizada decorrente destes subsequentes crimes a seres tão indefesos. Não preciso dizer que sofri bastante, principalmente porque alguns destes filhinhos que sofreram os abortos se revoltaram muito contra mim e com razão me perseguiram.
Reencarnei novamente algumas vezes... Aliás, tentei reencarnar, pois sofri vários abortos para compreender o quanto é monstruoso este tipo de atitude. Caso as mulheres tivessem a consciência sobre esta questão nunca sequer pensariam nisto. Mas são com os erros que vamos aprendendo.
Não sofri o aborto apenas uma vez. Para minha consciência não bastou passar apenas por uma experiência neste sentido... Passei por quase dez abortos! Mas a cada vez que era expulsa do ventre de minhas queridas mãezinhas, eu me fortalecia e negava meus vícios da alma... Começava o caminho de retorno para a lide divina!
Quando consegui renascer, novamente filha de meus pais, nasci deficiente... Tive uma vida curta, somente vinte e poucos anos. Sendo desprezada, humilhada, mas muito amada pela minha mãezinha e paizinho! Não tenho palavras de agradecimento a eles, que poderiam muito bem ter virado as costas para o meu ser que nunca quis escutá-los na última encarnação. Contudo, o amor fraternal que eles têm por mim foi maior que todas as dores que eu lhes causei naquela existência. Deus é muito bom, maravilhoso por dar novas oportunidades para nós pecadores! Esta existência, com todos os problemas físicos, mentais... A extrema feiura... Coisa que eu tinha ojerizas... Nojo naquela existência anterior... Foi muito importante para compreender a mim mesma. Pois a beleza não está no externo das pessoas e sim no espírito... Talvez aquela forma disforme era realmente a minha forma espiritual. Com a graça de Deus e os ensinos de meus paizinhos pude ir burilando aos pouquinhos os meus vícios.
Desencarnei pela primeira vez com a consciência tranquila! Claro que não tinha condições de ter muitas responsabilidades e por isso foi mais fácil... Sofri resignada e isso foi muito bom para o meu espírito! Aos poucos fui reaprendendo a pensar, andar, a fazer todas as outras coisas que as pessoas normais fazem, recebi o convite da nossa querida irmã Abigail para ingressar nas lides de trabalho do Instituto Flor de Luz na condição de uma simples serva... Que auxilia aquelas mulheres que são hoje como eu fui um dia: egoísta, vaidosa, orgulhosa e por isso caem na infelicidade de abortarem.
No Instituto faço tudo com muito carinho e não quero ver acontecer com as outras irmãs o que aconteceu comigo. Quero que elas compreendam que a vida é muito mais do que somente as sensações físicas, que a vida de verdade é a vida espiritual, com seus valores e princípios morais!
Essa é a minha história! Rogo a Deus que me fortaleça a fim de permanecer no caminho reto. Peço a Deus que me ampare na minha próxima existência e eu consiga andar nos trilhos da humildade e do amor, valorizando a vida e o ser humano.
Sei que desta vez eu não terei um companheiro para aprender a valorizar a existência ao lado de alguém. Entretanto, consagrarei a minha vida ao auxílio das moças, das mãezinhas e espero estar pronta para isso o mais breve possível!
P – Os espíritos que foram abortados já conseguiram lhe perdoar? Referente ao segundo esposo, ele conseguiu reparar os erros cometidos?
Quanto aos meus filhinhos depois de sofrer tanto quanto eles sofreram, alguns me perdoaram logo de início... Mas depois de sofrer os quase dez abortos, fui perdoada por quase todos e eles continuam seus caminhos evolutivos. Cada um com as suas necessidades. Apenas um dentre esses continua próximo a mim. Na verdade, hoje uma linda moça de coração enorme.
Quanto ao meu segundo esposo. Ele também teve suas quedas, suas dificuldades. Conquanto, como em momento algum ele quis que eu abortasse, pois ele desejava muito ter filhos! Aliás, ele nunca soube que estive grávida... Achou até que eu era infértil. E foi um dos motivos dele ter me procurado, pois a primeira esposa era estéril e eu não... Ela no começo revoltou-se, mas logo me perdoou e também ao esposo.
Ele reencarnou na África, foi escravo na existência seguinte, inclusive vindo para o Brasil, sendo vendido é lógico. Aos poucos ele foi se recuperando. Talvez o seu maior drama foi ter cedido aos meus desejos por me amar... Foi exagerado porque tramou a morte da própria esposa.  Mas ele tinha realmente muitas qualidades apesar, dos equívocos cometidos. Hoje os dois estão juntos novamente encarnados e atualmente começam a formar uma nova família. E eu estou muito feliz! Quando posso, eu os visito em desdobramento e procuro da melhor maneira possível, abençoá-los. É meu desejo sincero e fraterno, pois eles são realmente espíritos muito afins, como se fossem almas gêmeas, apesar de sabermos não existir.
P – Você teria alguma orientação aos casais que optam por ter apenas um filho, geralmente por questões financeiras? Acreditamos que a possibilidade do filho tornar-se egoísta e orgulhoso é grande quando é único, pois talvez não aprenda a compartilhar.
Acredito que na própria pergunta há a resposta. Creio que Deus sempre oferece a oportunidade e os recursos necessários para criar e educar os filhos. Ter apenas um é algo não muito bom. Mesmo assim, é melhor do que não tê-los. Mas ter dois filhos não faz grande diferença ao casal no sentido de aumento dos custos, pois os recursos sempre irão aparecer. Deus sempre valoriza a vida e quer que o ser que está numa família esteja amparado pelos pais em todos os aspectos, basta fazer a parte que lhes cabes e os recursos chegarão! É claro que há casais por questões particulares têm apenas um filho. Mas este é outro caso! O que pode vir a ser uma provação ou expiação.
A primeira dica é ter outro filho! A segunda é quem sabe adotar outro... Ou se não tiver como realmente fazer, procurar deixar que o filho não se sinta um rei, uma rainha e que sinta que pode tudo na vida. Saber educar, saber mostrar os valores do Cristo... Ensinar através do exemplo a compartilhar estes amiguinhos aos locais onde há necessitados para que aprendam desde cedo a compartilhar com os que menos possuem.
Sempre há formas de educar para que aquele espírito possa compreender os valores morais. Mesmo diante disso tudo, o filho (a) não se emendar, a responsabilidade não é dos pais. Eles fizeram a parte que vos compete! Por isso eu assumo a minha culpa naquela existência que eu não quis escutá-los. Obrigada por tudo! Desculpe-me pelas emoções intensas... Agradeço a oportunidade e espero que nossa história auxilie nossas irmãs e irmãos a não enveredarem por este caminho doloroso! Fiquemos com Deus!
Ariana – 17.12.12.

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