Procure Reconciliar

Há tempos eu como espírito tão comum e distante dos amados guias e anjos do Senhor estive a visitar regiões obscuras, as quais o medo, a solidão, e principalmente as trevas são predominantes.
Muitos irmãos que erram pela Terra não imaginam quão triste são tais paragens, pois há muitos espíritos amados vivendo nestas regiões com a consciência em chamas ou mesmo se chafurdando com mais e mais loucuras.
O primeiro sentimento que nos invade nestes locais é a compaixão de ver tantos em estado deplorável. Infelizmente não há muito que se fazer, pois é uma minoria que deseja sair desta condição infeliz.
Assim, estava eu a visitar estas pobres almas quando atendendo um possível irmão arrependido, senti uma mão agarrar meu pé e chamar-me pelo nome.
- Efésio? Graças a Deus! Um rosto conhecido!
Olhei-o com surpresa e carinho, mas confesso... Não o reconheci de pronto.
- Oh, meu amigo! Perdoe-me o esquecimento. Ainda vivo sob o efeito da velhice terrena e a caduquice é grande nesta cachola... – disse apontando para minha cabeça.
- Não se lembra de mim... Mas não te culpo. Nem deveria se recordar mesmo... Fui seu algoz na última vez que nos encontramos. Por minha causa, de forma injusta você foi para a prisão!
Como um raio lembrei-me do irmão que chamaremos aqui de Aquiles.
- Aquiles! Meu querido amigo! Que grata surpresa! Há muito rezo ao Senhor dos mundos para encontrar-te a fim de agradecer-te!
Espantado, pois eu pedira para Augusto, meu companheiro de atendimento dar continuidade ao irmão que inicialmente atendia a fim de poder dar atenção a Aquiles. Pude ajudá-lo a se sentar num barranco um pouco mais seco e menos sujo que estava próximo, pois assim poderia conversar com ele lado a lado, olhando nos olhos e procurando atender suas necessidades primordiais.
Ofereci-lhe um pouco de água e ele aceitando boa quantidade com voracidade, enfim, perguntou-me: Agradecer-me? Ora! Mas por quê? Você não parece estar sendo sarcástico...
- Não estou mesmo meu caro amigo. Graças a ti pude aprender muito a lição da humildade! Por isso, agradeço-te, mas sem ocultar segundas intenções. Desde muito, quando desencarnei pedi a Deus a oportunidade de encontrá-lo para agradecê-lo e auxiliá-lo, caso necessitasse!
- E parece que Ele está te ouvindo...
- Graças! – disse sorrindo e abraçando-o com alegria e espontaneidade.
Foi aí que Aquiles desabou em choro convulsivo e adormeceu em meus braços. Acordou vários dias depois no hospital ao qual o encaminhamos. Estive lá para auxiliá-lo e continuo ao lado dele sempre que posso e o tempo permite.
Este amigo foi um homem religioso e influente em seu círculo social. Sempre cobrava a postura de cristão daqueles que o seguiam e acreditava que realmente cumpria seu dever ao criticar, perseguir e acusar de crimes, que na verdade em sua maioria eram equívocos sem intenções, das pessoas de sua convivência.
Não fez tudo isso por mal. Mas por querer defender a letra morta das escrituras. Serviu com todo o amor e coração que pode oferecer! Errou sim, mas quem de nós não erra?
Conto-vos esta pequena história para lembrar-lhes de que necessitamos deixar para trás os “achismos”, os julgamentos que realizamos todos os dias com todas as pessoas. Mesmo para com aquelas que nos prejudicam. Até porque elas acreditam que o certo a fazer é isso. Saibamos perdoar, agradecer e seguir em frente.
A única certeza que temos é de que um dia, cedo ou tarde, por amor ou pela dor, iremos nos reconciliar com nosso irmão que hoje acreditamos ser um inimigo. Então, por que esperar? Procuremos reconciliar!

Efésio, o humílimo servidor do Pai – 23.08.13, psicografado por Jerônimo Marques.

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