Esclarecendo Dúvidas: Apresentações de Alto e Baixo Custo

A questão 715 da obra “O Livro dos Espíritos” aborda com propriedade sobre as questões do necessário e do supérfluo. Dessa forma, gostaria que nos esclarecesse sobre as apresentações artísticas que possuem alto custo para suas realizações. Tal atitude inflige a Lei de Conservação? Qual a diferença para a espiritualidade nas apresentações de alto e baixo custo?
A questão do supérfluo não é sinônimo de altas cifras, mas ir além do necessário. E o que pode ser considerado necessário diante da situação exposta? Vamos analisar com prudência antes de julgar e generalizar o assunto.
É fato que fazer arte no mundo de hoje é algo difícil para quem tem poucos recursos, o que não significa ser impossível. É preciso compreender que não são os gastos que torna uma atitude exótica e supérflua, o que enquadra neste tópico, são os objetivos1.
Pensemos num show o qual um artista famoso gasta milhões em dinheiro para mostrar a sua arte. A princípio não há nada demais, pois primeiramente é um trabalho que movimenta a economia, sustenta famílias, gera empregos diretos e indiretos, diverte as pessoas que poderiam estar em outro local fazendo e pensando coisas ruins, além de incentivar o “gênio criativo” de todos os envolvidos e até mesmo do público pela beleza e eficiência daquela criação artística.
Analisando dessa forma podemos dizer que há algo supérfluo? Talvez seja sensato afirmar que não. Conquanto, perguntamos: mas e o conteúdo desta apresentação2? Incentiva emoções positivas, benéficas ao indivíduo ou à coletividade?
Caso a resposta seja negativa. O foco acaba descambando para a soberba, a luxúria, o desrespeito à vida, enfim... Incentivo ao egoísmo, ao orgulho e tantas outras chagas do ser humano.
Gastar tantos recursos materiais para tais objetivos enquadram-se nesta superficialidade, o que infligiria a Lei de Conservação, pois estes recursos poderiam ser direcionados de forma positiva com temáticas que sejam positivas à evolução humana, ou assistindo a necessitados.
Assim, podemos afirmar que é supérfluo gastar rios de dinheiro para apresentações que incitam o cultivo de sentimentos negativos e vícios morais, mas mesmo nestes casos, a espiritualidade aproveita para deixar alguns germens de bondade, de evolução para todos os envolvidos. Como? Alguém pode afirmar que num show de arte tudo seja desprezível aos olhos de Deus? Tudo seja supérfluo?
Reflitamos... Não encontramos flores no pântano? Basta analisar com critério e teremos certeza de que haverá momentos e pontos positivos que os recursos foram bem aplicados, mesmo que estejam ao lado de uma maioria mal aplicada e consequentemente supérfluas.
Caso a resposta seja positiva, não é preciso dizer que a superficialidade inexiste. Mas tais apresentações não seriam apenas diversão? É claro que não. A arte bem realizada é um instrumento de excelência na evangelização das almas3!
Quando um show incentiva as pessoas a se respeitarem, a procurarem a honestidade, a consciência de fazer o melhor, de amar o próximo, quantos são os benefícios sociais advindos destes momentos?
Feliz seria a humanidade se investisse mais nessas práticas artísticas, pois elas auxiliariam as pessoas a serem melhores em todos os sentidos4! Economizaríamos muitíssimo com segurança, educação e até mesmo na saúde pública, pois a arte pode atuar na prevenção ao educar o espírito e não apenas o corpo!
Quanto à diferença das apresentações de alto e baixo custo para a espiritualidade é provável que seja apenas o alcance que elas ainda proporcionam. Não porque uma apresentação considerada pequena não possa ser mais benéfica que outra de grande porte, mas pelo próprio interesse da maioria da população encarnada e desencarnada da Terra.
Os grandes shows no plano material atraem mais espíritos encarnados e desencarnados por ser grandemente noticiado nos dois planos, físico e espiritual, por ter uma grande estrutura e exatamente por isso chamar mais a atenção.
Dessa forma, como em todo lugar, onde há mais espíritos e pessoas para serem atendidos, maior deve ser a quantidade de trabalhadores e o número de atendimento5, consequentemente os encaminhamentos. Tudo é proporcional. Entretanto, não é a quantidade que importa à espiritualidade, mas a qualidade daqueles que são atendidos e buscam novamente o bom caminho.
A grandeza de uma estrutura permite apenas mais qualidade artística, mas a qualidade moral, caso não apareça em tais eventos, acrescenta pouco à evolução geral.
Há shows e apresentações pequenas, que se associam a espiritualidade que atendem muito mais encarnados e desencarnados encaminhando-os para o despertamento e reflexões, resgates e novas compreensões da vida, do que eventos muito maiores em estrutura física. Para Deus não importa o tamanho da ação, ou sua abrangência. Ele é paciente e tem nos esperado o tempo necessário para querer encontrá-Lo! Nós é que insistimos em fugir de Sua presença!
Destarte, chegará o dia em que a humanidade saberá em todos os recantos do mundo, aliar a arte estruturada, com investimentos pesados de trabalho e dinheiro, mas que associará tudo isso à boa moral6, o que proporcionará um grande auxílio à evolução moral e intelectual da humanidade! Pois, a arte tem este aspecto particular de poder trabalhar bem com as duas asas do anjo: sabedoria e amor!
O aparente desperdício com algo que talvez não seja a necessidade da sociedade será um remédio doce para educá-la como um todo de forma lúdica, atraente, inteligente, responsável e amorosa! Pensemos nisto e busquemos fazer evoluir esta arte que ainda possui poucos interessados, poucos recursos materiais, mas a medida que cresce, atrai mais investimentos para o bem.
Basta observar que há um número considerável de arte considerada mundana que já possui tais características de elevar a arte do bem divulgando-a diante da sociedade com pesados investimentos financeiros, mas também com boa aceitação da própria sociedade. Mesmo que ainda seja uma questão de modo de vida, de emprego. Isso não tira méritos do bom trabalho! O bom trabalhador é aquele que faz do seu labor um hino de amor7! O bom artista e a boa arte se enquadram neste parâmetro8 que será o foco essencial do futuro da arte na Terra!
Jesair e amiGOS – 07.12.12, psicografado por Jerônimo Marques.
1 – “[...] A direção que o homem dá aos recursos materiais, mediante a aplicação egoísta ou a utilização benéfica, faz que tal se transforme em liberdade ou grilhão, dita ou desgraça. Administradores, que todos somos, transitoriamente, dos haveres, enquanto na vilegiatura carnal, seremos convocados a contas para relatórios, apresentando o que fizemos das concessões divinas que passaram pelas nossas mãos. O dinheiro, a propriedade, a posição social relevante, a saúde, a inteligência, a mobilidade, a lucidez são bens que o espírito recebe como empréstimo divino para edificar-se e construir a ventura.[...]. Um dia, sem que o queiras, deixarás todas as coisas e valores, ante o impositivo da desencarnação, seguindo contigo, apenas, os valores morais legítimos, decorrentes dos bens materiais que converteste em esperança, alegria, progresso e paz [...]” (ÂNGELIS, Joanna de. Leis Morais da Vida. 3.ed. Salvador: LEAL, 2005)
2 – “[...] Todos os homens são ricos pelas bênçãos de Deus e cada qual deve aproveitar, com êxito, os ‘talentos’ recebidos, porquanto, sem exceção de um só, prestarão um dia, além-túmulo, contas de seus esforços. Que os trabalhadores da direção saibam amar, e que os da realização nunca odeiem.” (EMMANUEL. O Consolador. 28 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008)
3 - “[...] A arte propicia a interação espiritual, com os canais superiores da vida, favorecendo a intuição. Consegue atingir caminhos que somente a razão não consegue alcançar. A arte pode nos levar a sentir vibrações sutis, ampliando nossa sensibilidade, favorecendo nossa sintonia com sentimentos elevados e nobres, com vibrações elevadas que estuam pelo universo de Deus. A arte pode trabalhar com o intelecto e com o sentimento e, ao mesmo tempo, estimular a vontade para os níveis superiores da vida, auxiliando o desenvolvimento das potências do Espírito imortal, filho de Deus, que somos todos nós.” (ALVES, Walter Oliveira. O Teatro na Educação do Espírito. 1. Ed. São Paulo: IDE, 1999)
4 - “[...] A Arte, por sua vez, auxiliará a evolução do homem, elevando o espírito a patamares mais altos, na sensibilidade, na beleza, na harmonia, na virtude. [...] Não resta dúvida quanto à excelência da arte em geral, em particular na tarefa de evangelização sem seu profundo sentido de educação do espírito, no desenvolvimento gradual das potências do espírito.” (ALVES, Walter Oliveira. O Teatro na Educação do Espírito. 1. Ed. São Paulo: IDE, 1999)
5 – “[...] Vários espíritos de artistas se apresentam em determinada região do astral inferior e, através da música, tocam no coração e na intimidade daqueles que ainda não despertaram para a vida espiritual. Quando a arte, a poesia, a música e outros talentos são utilizados com o objetivo de tocar os corações mais materializados, essas almas sofridas modificam a sintonia íntima. Em momentos como estes, durante e após as apresentações artísticas, uma legião de espíritos do bem passa a encontrar naqueles que compõem a multidão desnorteada o clima íntimo propício para que sejam auxiliados. [...]. A arte eleva a alma. Com a sensibilidade aflorada, a multidão torna-se mais acessível ao socorro dos espíritos chamados samaritanos. Milhares de desencarnados são retirados das regiões inferiores durante nosso espetáculo.” (PINHEIRO, Robson. Faz Parte do Meu Show. 1. ed. Casa dos Espíritos, 2010)
6 - “A pura intelectualidade, desacompanhada de princípios excelentes, que somente as verdadeiras qualidades do coração produzem, assim como a Arte, por si só, com o séquito da vaidade, do orgulho, da falta de boa moral, não permitem a ascensão do seu cultor aos planos rutilantes do Belo, existentes no Além. O que equivale a asseverar que nenhuma conquista feliz, no Além-Túmulo, será possível sem a renovação do Espírito, ou seja, a sua reeducação moral.” (PEREIRA, Yvone Amaral. Devassando o Invisível. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009)
7 - “Será necessário que o homem compreenda que, como parcela divina que é, veio ao mundo também para colaborar na obra de aperfeiçoamento do planeta em que vive, e essa colaboração certamente subentenderá auxílio às almas mais frágeis do que a dele, que gravitam ao seu lado nas peripécias da evolução.” (AMARAL, Yvone Pereira. Devassando o Invisível. 3 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009)
8 - “Deveremos periodicamente nos perguntar: que tenho feito dos bens celestes a mim confiados? Cargos, mediunidade, arte, a inteligência, enfim todos os bens com os quais podemos enriquecer nossa caminhada de espiritualização. Estarei os utilizando para o crescimento pessoal e de outros? Consigo perceber minha melhora no uso desses recursos? [...]. Essa honestidade emocional inicia-se com as perguntas: Por que estou sentindo o que estou sentindo? Qual o nome desse sentimento? Qual a mensagem meu coração está me indicando?” (DUFAUX, Ermance. Escutando Sentimentos. 1. Ed. Belo Horizonte: Dufaux, 2006)

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