Esclarecendo Dúvidas: Arte e Funerais - Lei de Igualdade
O que se pode falar da arte utilizada em funerais? É positiva ou negativa?
Uma questão muito interessante! A arte utilizada em funerais tem dois aspectos, que pode ser negativo ou positivo. Depende do ponto de vista.
Falemos, pois do primeiro ponto levantado. Geralmente as artes utilizadas nas construções de túmulos soberbos e belos1, cheios de riqueza são na verdade, orgulho e vaidade humana daqueles que permanecem na carne em exaltarem-se no poder2 perante os demais. Lembremos de que o espírito não leva nada daqui, apenas o que fez e está gravado em seu perispírito.
Entretanto, mesmo estes túmulos cheios de pompas trazem a arte positiva de se exaltar a espiritualidade. Quantas não são as esculturas, as arquiteturas destas obras que remetem a imagens belas e de alta inspiração do alto?
A sensibilidade trabalhada e desenvolvida por tais artistas são exemplos de que esta arte considerada fúnebre também pode contribuir para que a humanidade reflita um pouco sobre a questão da morte do corpo e da sobrevivência da alma3. É claro, que toda arte necessita de ser analisada e passar pelo crivo da razão e do bom senso perante as Leis Divinas. Mas, não se pode condenar a arte utilizada nestas situações, o que se observa é que a pompa é desnecessária, por reforçar o orgulho daqueles que o fazem questão de ser assim.
Conquanto, há outras artes que são utilizadas para os funerais, talvez as mais utilizadas sejam a literatura e a música. Utilizar-se da harmonia das palavras e das notas musicais é beleza inspiradora e encantadora para resignar e fortalecer os que ficam e os que vão4. Amenizar os sentimentos negativos, atrair a atenção para a reflexão, evitando conversas e comentários infelizes5, ou mesmo pensamentos nada saudáveis para o espírito em processo de desligamento.
Um poema fraterno, um texto sábio e animador, que remete à presença da vida, do Criador... Uma música suave em harmonia com a espiritualidade amiga encanta os corações e os faz refletir melhor sobre como respeitar este momento tão delicado, íntimo e especial que cada um de nós um dia irá desfrutar, caso não tenha passado! A arte contribui e muito nos funerais quando bem utilizada6. Podemos voltar à questão da boa intenção, da utilidade para o bem da arte neste momento. É preciso que os artistas tenham esta sensibilidade7 e saibam respeitar os limites daqueles que mais sofrem!
Há culturas em que a morte é celebrada com alegria pela libertação do espírito. Outras que possuem rituais belos em que a arte está presente de várias formas. Todas as artes podem contribuir sensivelmente com este momento positiva ou negativamente, dependendo de sua utilização e intenção. O bom senso aliado à sensibilidade, ao amor fraterno é essencial.
Num futuro talvez ainda um pouco distante a arte será grandemente utilizada nos funerais a fim de ligar o homem à Deus e à necessidade do respeito aquele momento tão íntimo! A arte elevada acalma as revoltas íntimas, os destemperos quase incontroláveis pela saudade que machuca e corrói o coração que ainda não entende ser a morte apenas uma transição. E mesmo para aqueles que entendem, a arte pode auxiliar na maior resignação de cada um.
Tenhamos consciência do poder evangelizador, educador e curador da arte e seremos soldados do amor no combate às misérias e desvios do mundo! Morte para Deus é nova vida que se inicia! A arte do bem em funerais é um sopro divino que acalma e fortalece os corações, muitas vezes perdidos!
Jesair Pedinte e amiGOS – 11.01.13, psicografado por Jerônimo Marques.
1 – “O cemitério já faz parte do roteiro histórico de visitação em diversas regiões turísticas do mundo, como por exemplo, o cemitério Père-Lachaise, em Paris, na França e o cemitério de La Recoleta , em Buenos Aires , na Argentina. Nesses, são identificados elementos que demonstram a história social e artística destas regiões, através da estatuária, das obras arquitetônicas, dos epitáfios e dos símbolos encontrados e analisados nos túmulos [...].” (ARAÚJO, Thiago Nicolau de. Túmulos Celebrativos de Porto Alegre: Múltiplos Olhares Sobre o Espaço Cemiterial. 1. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008)
2 – “A morte, apesar de ser uma experiência pessoal, apresenta especificidades de classe, família, cultura e religião. No discurso religioso, a igualdade dos homens perante a morte é destacada, mas na realidade social esta igualdade não existe. A imagem da morte e suas representações são de ordem social, cultural [...]. As classes dominantes impõem sua imagem de morte e criam uma pompa fúnebre em que se ressaltam os valores de sua classe. [...]. A arte funerária passa a ser mais um elemento diferenciado das classes sociais.” (BELLOMO, Harry Rodrigues. Cemitérios do Rio Grande do Sul: Arte, Sociedade e Ideologia, 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008)
3 - “Os cemitérios possuem diversas obras escultóricas, muitas vezes assinadas por renomados artistas [...] Analisando estas obras, desenvolvemos o Inventário Tipológico da Escultura Funerária, subdividindo-se nas seguintes tipologias: Tipologia Cristã, crenças na vida eterna [...], expressam espiritualidade, grandeza, santidade, profundidade de sentimentos, dor e sofrimento sereno. Tipologia Alegórica, culto das virtudes através da celebração de um indivíduo [...], expressão de uma ideia personalizada. Há alegorias das emoções e dos sentimentos, tais como a dor, a saudade, a meditação, o amor-materno, a oração, o juízo final. Pode-se constatar que aparecem alegorias de princípios cristãos como alegorias de emoções. Tipologia Celebrativa, nesta categoria estão colocados os jazigos-monumentos possuidores de uma dupla função: servir de sepultura e celebrar a memória de vultos destacados do mundo político, econômico, social e cultural. [...] Costumam ter a imagem do morto e alegorias representativas das atividades exercidas ao longo da vida ou da sua ideologia.” (BELLOMO, Harry Rodrigues. Cemitérios do Rio Grande do Sul: Arte, Sociedade e Ideologia, 2.ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008)
4 - “[...] Divina melodia penetrou quarto a dentro, parecendo suave colmeia de sons a caminho das esferas superiores. Aquelas notas de maravilhosa harmonia atravessaram-me o coração. [...]. Aquela melodia renovava-me as energias profundas. Levantei-me vencendo dificuldades e agarrei-me ao braço fraternal que se me estendia.” (LUIZ, André. Nosso Lar. 25 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982)
5 – “Sendo uma hora de dor, os presentes devem respeitar a família e aquele que partiu. O prudente é colocar músicas clássicas para abafar o barulho. [...]. Para preencher o tempo e evitar conversas; cantar hinos religiosos e nos intervalos orar, continuar orando até o sepultamento; orando e cantando, não deixando os presentes perturbarem a hora do silêncio. [...]. Evitar comentar como desencarnou aquele que partiu, pois fazem muito mal ao recém-desencarnado os comentários sobre o seu desencarne, como também perturbam a paz daqueles que ficaram.” (SÉGIO, Luiz. Na Hora do Adeus. 1.ed. Brasília: Editora Recanto, 1996)
6 – “Veja o efeito da música no corpo espiritual. Igualmente, a luz e a cor canalizam recursos energéticos de altíssimo padrão vibratório e que interagem na delicada estrutura dos corpos espirituais. A música não somente aumenta a frequência e o ritmo em que vibra cada ser, como também sensibiliza a alma; auxilia de tal forma que as emoções desequilibradas passam a ser mais suaves, sutilizando as emanações do coração.” (PINHEIRO, Robson. Faz Parte do Meu Show. Minas Gerais: Casa dos Espíritos Editora, 2004)
7 - “[...] O artista é o pedagogo da humanidade, pois sua arte provoca nas pessoas mudanças de mentalidade, atitudes, hábitos e comportamentos, que são os grandes resultados de todo o processo educativo.” (SEKEFF, Maria de Lourdes. Da Música, Seus Usos e Recursos. 2 ed. São Paulo: UNESP, 2007)
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