Esclarecendo Dúvidas: Isolamento do Artista e Lei de Sociedade

De acordo com a obra “O Livro dos Espíritos”, a vida de isolamento é inverso a Lei de Sociedade. Contudo, às vezes o artista necessita isolar-se para criar a sua arte. Tal atitude nega esta Lei Divina?
Sabemos que o objetivo desta pergunta é apenas deixar claro que o isolamento útil e momentâneo não é contrário às Leis Divinas.
Quem de nós não necessita de um tempo a sós para pensar sobre o que tem feito da vida? Quantas são as doutrinas, as técnicas, as orientações vindas dos Planos Divinos para que o ser humano reserve um momento para meditar1, refletir com calma, intimamente sobre o que se fez, faz ou fará e quais serão as consequências de cada ato.
Uma coisa é isolar-se completamente sem objetivos práticos2. Apenas por egoísmo, vaidade, orgulho ferido. Por achar-se melhor do que os outros e por isso querer evitar contatos3... Outra coisa é buscarmos um momento íntimo para refletir, pensar, analisar e assim, retornar ao convívio dos demais com novos pensamentos saudáveis e procurando contribuir ainda mais com a própria sociedade.
Para o artista, não importa a sua arte, esta também é uma necessidade. Contudo, este é um momento apenas da criação. Provavelmente após estar observando, vivendo e procurando se relacionar ao máximo com o mundo, ele vê a necessidade de isolar-se por alguns momentos4 e assim poder pensar como poderá transformar aquilo tudo numa manifestação artística5.
Os “deuses” da arte, que não são nada mais que espíritos desencarnados e sintonizados com aquela temática específica, conseguem neste instante de concentração e sintonia, aproximarem-se6 do artista com mais harmonia a fim de auxiliá-lo no processo criativo.
Posteriormente, o artista necessita em alguns casos, continuar isolado para materializar a sua arte7 a fim de que só depois compartilhe com os demais. Desta forma, foi apenas um período do processo e não uma vida de isolamento.
Há outros artistas que para executar necessitam dos outros e assim já compartilham com mais ênfase e desde cedo.
Entretanto, é preciso considerar ainda que mesmo que haja o isolamento físico, ainda há a permuta entre o artista e as mentes de outros artistas no plano espiritual que o acompanham no processo criativo8. Ainda assim, fazemos a ressalva de que este isolamento é útil ao trabalho e não tem objetivos fúteis. O que não acontece numa vida de isolamento total.
Por que é importante esta compreensão?
Justamente porque se todo artista tivesse esta noção e compreensão de que este é um fato verdadeiro, nada no mundo é criado sem a co-participação de outra mente9: seja ela encarnada ou desencarnada. Perante tal percepção esgotaria qualquer tipo de orgulho que o artista possa ter em dizer que é o único autor de sua obra. Provavelmente nem é o autor original, o que não vem ao caso agora analisar.
Isolamento verdadeiro na arte é extremamente raro acontecer e talvez na Terra não exista algum ser humano capaz de fazê-lo. Seja a sua arte boa moralmente ou ruim.
Portanto, nós artistas devemos tomar cuidado com a soberba. E ao mesmo tempo ter a consciência de que o ato de isolar-se para criar faz parte do processo criativo, e mesmo assim não existe tal fato, pois estamos sempre acompanhados pelos espíritos amigos ou nem tanto assim... Tudo depende de nossa sintonia.
Obrigado! Jesair e amiGOS – 01.02.13, psicografado por Jerônimo Marques.
1 – “Todo aquele que se permite o hábito da meditação transforma-se para melhor, porque antecipa, enquanto ainda no corpo somático, experiências espirituais santificantes, não mais se comprazendo com os limites sensoriais, nem com as paixões ardentes que consomem as aspirações do bom e do belo, do nobre e do superior. Um encantamento especial toma-o, concitando-o ao prosseguimento, sem fugas, sem medos, sem anseios, em ritmo de paz e de concórdia com que edifica a própria e as existências que o cercam. A mente calma, por fim, abre mais nobres espaços para a sublimação do ser, agora direcionando todos os pensamentos para a felicidade [...].” (PASTORINO, Carlos Torres . Impermanência e Imortalidade. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005)
2 - “769 – Concebe-se que, como princípio geral, a vida social esteja na Natureza; mas, como todos os gostos estão também na Natureza, por que o gosto pelo isolamento absoluto seria condenável, se o homem encontra aí sua satisfação?
- Satisfação egoística. Há, também, homens que encontram uma satisfação em se embriagar; tu os aprovas? Deus não pode ter por agradável uma vida pela qual se condena a não ser útil a ninguém.” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 182. ed. São Paulo: IDE, 2009)
3 – “770 b – Mas se esse retiro tem por objetivo uma expiação, impondo-se uma privação penosa, não é ele meritório?
- Fazer mais de bem do que se faz de mal, é a melhor expiação. Evitando um mal ele cai em outro, visto que esquece a Lei de Amor e de Caridade.” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 182. ed. São Paulo: IDE, 2009)
4 – “As grandes obras só se elaboram no recolhimento e no silêncio, à custa de longas meditações e de uma comunhão mais ou menos consciente com o mundo superior. [...]. A calma da natureza, a paz profunda das montanhas, facilitam a inspiração e favorecem a eclosão do talento. Assim, confirma-se, uma vez mais, o provérbio árabe: ‘O barulho é para os homens, o silêncio é para Deus!’ [...]. Quase todas as grandes obras tiveram colaboradores invisíveis. Essa associação se fortifica e se acentua pela fé e pela prece, que permitem às forças do Alto penetrarem mais profundamente em nós e impregnarem todo o nosso ser.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1.ed, Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2006)
5 -  “771 b – E aqueles que procuram, no retiro, a tranquilidade que reclamam certos trabalhos?
- Isso não é retiro absoluto do egoísta. Eles não se isolam da sociedade, visto que trabalham por ela. (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 182. ed. São Paulo: IDE, 2009)
6 – “Quando, no espaço, o espírito de um artista decide reencarnar, ele leva consigo as amizades de seres queridos que, por causas diversas, devem ficar no espaço. Mas, por intuição, esses amigos enviarão a esse ser aprisionado na carne, fluidos provenientes do seu meio e ideias que darão novo impulso à parcela de talento que existe nele e que, sob o domínio da carne, estaria bastante propensa a ficar adormecida.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1.ed, Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2006)
7 – “Geralmente é necessário que um artista fique em um meio são, porque a chama criadora que o anima pode extinguir-se, sob a influência de um ambiente fluídico carregado de moléculas materiais. A verdadeira arte não procura os prazeres da mesa, da carne, e aqueles dos quais o espírito e o cérebro não participam.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1.ed, Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2006)
8 – “Entre os homens de talento, muitos reconheceram essas influências invisíveis. Vários descrevem o estado vizinho ao do transe, em que a elaboração de uma grande obra os lança. Outros falam da onda ardente que os penetra, do fogo que corre em suas veias e provoca uma superexcitação que centuplica suas faculdades. [...]. Shiller – escritor alemão – declarou que seus mais belos pensamentos não eram de sua própria criação, eles vinham tão rapidamente e com uma tal força que ele tinha dificuldade em compreendê-los bastante rápido para transcrevê-los.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1.ed, Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2006)
9 – “459 – Os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?
- A esse respeito sua influência é maior do que credes porque, frequentemente, são eles que vos dirigem.” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 182. ed. São Paulo: IDE, 2009)

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