Depoimento: Último Recado
Quantas vezes hesitei? Enquanto meus
pais nem sequer imaginavam o que se passava dentro de mim. Minha cabeça dava
giros inexplicáveis, incomensuráveis. Era uma menina doente. Muitos remédios e
cuidados.
Meus pais me davam tudo. Era querida e
amada, mas só via nisso um pretexto para considerar minha família chata. Por
que somos tão revoltados quando a idade para se descobrir o mundo deveria ser
bela e tranquila?
Era uma menina aparentemente comum. Um
pouco tímida é verdade, mas simplesmente normal. Não apresentava nenhum
comportamento preocupante, além da timidez. Tinha amigos na escola. Alguns
poucos onde morávamos.
Meus pais nem desconfiavam do vulcão em
plena atividade que estava na minha cabeça! Via-me como sendo a garota mais feia
e desengonçada do mundo. A estima estava quase entrando abaixo da terra... Nada
me agradava, nem mesmo Deus!
Naquele dia pensei muito Nele, mas
preferi executar o meu planejamento: Então, deixei a vida. Contudo, não sabia que
a existência do corpo físico é apenas uma etapa. Quando cheguei à vida
espiritual percebi que ela poderia ser cruel! Mais tarde compreendi a
realidade: Eu havia sido desumana com a existência!
Ingeri uma grande quantidade de
remédios e adentrei no plano espiritual em estado deplorável. Por que não
escutei os entes amados que apenas me queriam bem? Por que não prestei atenção
nos conselhos dos mais velhos e dos amigos? Confesso que no fundo de minha alma,
algo me dizia da existência além-túmulo. E foi pela porta dos fundos que penetrei.
Joguei fora meus compromissos.
Após longas “eras” de sofrimentos estou
quase pronta para retornar à vida corporal. Estou buscando paz interior, força!
Percebo que a vontade de cometer o mesmo erro será grande! Espero que desta vez
eu consiga me superar! Deus me proteja!
Nunca atente contra a própria vida, nem
de brincadeira! Pois, o sofrimento mais cruel provocado por nós mesmos é
abandonar a existência antes do tempo! Desejem-me sorte! Que assim seja!
Fernanda, 30.09.13, psicografado por
Jerônimo Marques.
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