Esclarecendo Dúvidas - Medo
Gostaria que nos esclarecesse sobre a questão do medo de viver.
O medo, sentimento muitas vezes confuso e ambíguo. É grande o número daqueles que sentem alguma fobia em vida. Temores que podem ser relações de uma vida anterior, isto acontece muito mais do que imaginamos. Podem também ter causas nesta mesma vida, apenas porque desde muito cedo, a pessoa cultivou movimentos, pensamentos e ações de forma inadequada: o medo pode decorrer de várias causas fundamentais1.
Esta inadequação não significa qualquer tipo de loucura, mas sim de auto-ilusão para com alguma coisa. As decepções provindas desta auto-ilusão criam traumas muitas vezes difíceis de controlarem e de apagarem das almas que as possuem. O medo de algo é um temor de si mesmo. As próprias fragilidades, de achar que não é capaz de sentir coragem para enfrentar os desafios que a vida oferece.
O medo torna-se uma doença quando atrapalha o ser humano a fazer o que lhe cabe, paralisa o espírito encarnado a evoluir. O temor é arma perigosa das trevas2, é recurso muitíssimo utilizado pelos detentores do poder, magnetizadores e espíritos malévolos: conhecedores do íntimo humano. Apesar de ficção, uma paródia da realidade espiritual, os magos dos filmes que têm visto - Harry Potter - utilizam desta técnica para atemorizar os bons ou qualquer outra vítima de si mesmos na história.
Qual é a técnica? Utilizar não uma forma única para amedrontar e sim aquela que faz parte do medo íntimo de cada indivíduo. Tem-se medo de crocodilos, o temor virá em forma de crocodilo e provavelmente o indivíduo não terá o raciocínio em juízo perfeito. Estará prejudicado em reações e atitudes. São artimanhas que funcionam bem para a grande maioria de nós em tempo integral. Entretanto, outros funcionam quando lhes falta sintonia. Por fim, poucos, pouquíssimos se livram destas influências pela oração e vigilância3, juntamente com as boas atitudes e exemplos.
Quantas vezes temos pesadelos com bichos, insetos, situações e pessoas que tememos? O que podemos concluir? Com certeza são ações dos nossos “amigos” que não querem nosso bem. Eles influenciam-nos enquanto estamos desprendidos e invigilantes para provocarem em nós o medo! O temor faz abaixar nossas defesas perispirituais. Abre espaço para os mais variados agentes que nos prejudicam. Desde vírus e bactérias astrais até os mais terríveis e infelizes “obsessores”. Contudo, lembremos que toda obsessão só ocorre pela sintonia. Somos obsediados porque deixamos isso ocorrer!
O medo pode ser comparado a uma chave que abre nossas portas de defesa. Contudo, não podemos dizer que todo medo é ruim. O medo de viver é uma lástima ao espírito, pois como ter medo de existir se Deus nos criou para isso? Ter medo de viver é realmente perder a noção do que é a vida!
Mas há o medo que é importante para todos nós. Na verdade é um instinto de conservação que cada um de nós possui, o temor auxilia este mecanismo a funcionar. O medo por si só não altera a ação da pessoa. Todos nós podemos ter receio de algo, mas seguir em frente, basta querer e mandar o corpo realizar o que se deve, mesmo diante do medo4. Assim, a total responsabilidade é do indivíduo!
Ter medo não pode ser desculpa para o marasmo e a desistências das coisas, mas deve ser válvula propulsora da coragem de viver o que nos cabe viver! Por outro lado há os que não têm medo e chegam à falta do bom senso de expor suas vidas saudáveis por uma emoção perigosa e muitas vezes sem um objetivo útil e maior do que os próprios umbigos! Esportes radicais, viagens desnecessárias e todo tipo de atividade que não é essencial para vida de uma só criatura e principalmente, de várias, são na verdade, escolhas, caminhos obscuros escolhidos pelo próprio ser que atrasará mais um momento de sua própria evolução.
Como dissemos anteriormente. O medo é válvula que regula a vida. É necessário tê-lo, mas não em demasia. Controlemo-nos ! Obrigado!
Jesair Pedinte e amigos – 18.07.11
1 – “[...] O medo origina-se no espírito enfermo, aquele pode ser examinado como decorrência de três causas fundamentais: A-) conflitos herdados da existência passada, quando os atos reprováveis e criminosos desencadearam sentimentos de culpa e arrependimento que não se consubstanciaram em ações reparadoras. B-) Sofrimentos vigorosos que foram vivenciados no além-túmulo, quando as vítimas que ressurgiam da morte açodaram as consciências culpadas, levando-as a martírios inomináveis, ou quando se arrojaram contra quem as infelicitou, em cobranças implacáveis. C-) Desequilíbrio da educação na infância atual, com o desrespeito dos genitores e familiares pela personalidade em formação, criando fantasmas e fomentando o temor, em virtude da indiferença pessoal no trato doméstico ou da agressividade adotada.” (PHILOMENO, Manoel. Temas da Vida e da Morte. 5.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005)
2 – “O medo é verdugo impiedoso dos que lhe caem nas mãos. Produz vibrações especiais que geram sintonia com outras faixas na mesma dimensão de onda, produzindo o intercâmbio infeliz de forças deprimentes, congestionantes. À semelhança do ódio, aniquila os que o cultivam, desorganizando-os de dentro para fora. Alçapão traiçoeiro abre-se, desvelando o fundo poço do desespero, que retém demoradamente as vítimas que colhe [...].” (HUGO, Victor. Párias em Redenção. 7.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004)
3 – “Orar é um ato que nos pode pôr em contato com as forças espirituais invisíveis, se houver sinceridade na prece e alma limpa de quem ora. Vigiar é uma atitude de atenção para que não sejamos surpreendidos pelos inimigos que se encastelaram nos hábitos maus que adquirimos e mantemos malgrado o esforço despendido para nos libertarmos deles. Portanto, orar é uma posição defensiva, pois por meio da prece fortalecemos nossa situação espiritual, predispondo-nos à resistência contra as acometidas das trevas e iluminando a rota que seguimos, com o fito de alcançar, passo a passo, a melhoria do panorama cármico. Vigiar é também uma atitude defensiva, que devemos sustentar sempre contra os inimigos do nosso progresso moral. Quem são esses inimigos? Nós mesmos. Eles estão ocultos em nossa defeituosa educação, nos impulsos que não sabemos jugular, nos hábitos que insensivelmente vamos adquirindo, por imitação ou por tendência natural do nosso espírito.” (______, Vigilância Permanente)
4 – “O conhecimento da verdade liberta o ser humano das ilusões e impulsiona-o ao crescimento espiritual, multiplicando-lhe as motivações em favor da auto-iluminação, graças à qual torna-se mais fácil a ascensão aos paramos celestes.” (PASTORINO, Carlos Torres. Impermanência e Imortalidade. 4.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005)
Comentários
Postar um comentário