Esclarecendo Dúvidas - Obsessão e Sonhos
Qual é a relação dos sonhos e possíveis processos obsessivos?
A relação pode ser muito próxima ou mesmo distante, até mesmo inexistente. O sonho1 nada mais é do que o registro de imagens pelo cérebro material durante o período de descanso corporal que se torna parcialmente inconsciente.
Quanto mais o médium desenvolve-se e aperfeiçoa-se esta inconsciência é menor. O sono pode ter algumas origens distintas como nos esclarece o Livro dos Espíritos. Primeiramente ele pode ser só uma construção pessoal e inconsciente do cérebro material aliado ao perispiritual de situações vividas no decorrer do estado de vigília do último dia, das últimas horas. Situações que impressionam os sentidos, as emoções são geralmente mais propensas a se transformarem em sonhos...
Por outro lado, em grande parte, principalmente naqueles que iniciam a educação mediúnica, os sonhos quase sempre são memórias registradas pelo cérebro físico das situações vividas pela alma2, pelo perispírito de um ser humano durante o descanso físico, mas cheio de atividades no plano espiritual.
Sendo sonhos bons, leves e belos, com certeza estivemos em boas companhias e em bons locais3 devido a nossa sintonia feliz com os amigos espirituais que habitam e trabalham não só nas colônias, mas também em casas de apoio e recuperação, postos de auxílio nos umbrais entre outras localidades.
Quando guardamos vigília e sabemos orar com sinceridade, temos a dádiva de ter bons momentos enquanto o corpo físico descansa e nosso espírito permanece em atividades que são positivas e nos oferece um melhor descanso físico, pois o períspirito estará sendo reabastecido com energias salutares e benéficas.
Inversamente proporcional temos outro fato que é preocupante. Quando estamos desequilibrados emocionalmente, estamos com raiva, ódio, nutrindo sentimentos de lascívia, com lances de erotismo, egoísmo, inveja, orgulho, quando humilhamos, tratamos mal e falamos ainda pior dos outros, enfim, entramos em sintonias inferiores abrindo as portas para nossos inimigos do passado ou mesmo para os infelizes irmãos ignorantes do bem do presente acontece de termos sonhos ruins ou pesadelos.
Diversas situações contribuem para esses fatos. Os nossos irmãos chamados obsessores têm acesso livre quando abaixamos nosso padrão vibratório e desta forma, enquanto o corpo físico permanece em descanso, o períspirito vaga em más companhias. Muitas vezes esses irmãos infelizes agem com muito conhecimento de causa e criam armadilhas, no qual nos sentimos em torpor. No fundo sabemos que estamos fazendo algo errado, mas no “sonho” não conseguimos fazer o que seria certo, não nos controlamos e fazemos várias coisas que não gostaríamos. Após acordar nos sentimos mal por isso. Mas não nos enganemos, isto é real e a culpa é unicamente nossa! Ninguém nos obriga a fazer algo4 errado se não queremos ou deixemos. Podemos sim ter a consciência de que é errado, mas é como um vício. Sabemos que é errado fumar, beber demasiadamente entre outras coisas como falar mal dos outros, mas quando nos “percebemos” já estamos fazendo o que não deveríamos.
Sendo assim, é fácil compreender que os sonhos ruins, nem sempre considerados como pesadelos, podem ser armas interessantes dos obsessores - usamos este termo para melhor compreensão, contudo, compreendemos que não são irmãos culpados pelas nossas desgraças, e sim tão vítimas como nós que muitas vezes os chamamos devido aos pensamentos e atitudes atrapalhadas e infelizes - que sabem manipular esta possibilidade para gravar e enfatizar no consciente ou no inconsciente os desvios de comportamentos que querem induzir-nos.
Entretanto, poderemos perguntar: Onde estão os mentores e amigos que não nos protegem disto? Não seria injusta essa situação? Eles estão ao nosso lado e se isso acontece é culpa única e exclusivamente da nossa invigilância. Esse tipo de pensamento e questionamento é coisa de criança mimada! Fazemos e pensamos num monte de coisas erradas e não damos ouvidos para os amigos e mentores, contudo basta termos consciência de que passamos por algo ruim que já queremos proteção, algo que nem demonstramos pedir antes da queda.
Mesmo assim, nossos amados e queridos mentores estão ao nosso lado, prontos para que no mínimo gesto feliz de oração e de vigilância eles possam agir de acordo com nosso merecimento e boa vontade de mudar o quadro. Como é dito sempre, tudo depende de nosso livre-arbítrio e eles não desobedecem este mecanismo da lei.
Muitas vezes os próprios mentores deixam acontecer sonhos ruins e facilitam que estes fiquem gravados na mente dos seus protegidos para que estes repensem no que estão fazendo de errado e procurem mudar seus pensamentos e gestos.
Enfim, o sonho é sempre uma benção, os pesadelos, mesmo que nos perturbem podem o ser também. Mesmo aqueles constantes, podem indicar perseguições passadas que devem ser tratadas com a medicina terrena em conjunto com tratamentos espirituais. Contudo, estejamos certos de que tudo pode ser positivo e benéfico para nosso aprendizado. Os sonhos não são peças para obsedar ninguém, a não ser que queiramos ou deixemos que isto aconteça. É como o dinheiro, o bom ou mau uso dependerá de nossa forma de aproveitamento.
Jesair Pedinte – 14.09.11
1 – “O Espírito jamais está inativo. Durante o sono, os laços que unem ao corpo se relaxam, e o corpo não necessita do Espírito. Então ele percorre o espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 134 ed. São Paulo: Ide, 2001)
2 – “[...] O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito, porém, não precisa repousar. [...] O sono foi dado ao homem para reparação das forças orgânicas e também para as forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, ideias que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição.” (KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 300 ed. São Paulo: Ide, 2004)
3 – “Durante o sono, emancipa-se o Espírito, parcialmente, do corpo, e ingressa no mundo espiritual, para uma vivência autêntica, real, de duração mais ou menos longa. É nesse estado que ocorrem os sonhos [...]. Reuniões maravilhosas se realizam na Espiritualidade, enquanto dormimos, com o objetivo do esclarecimento, da orientação, do reconforto. Tais encontros constituem a demonstração cabal do interesse constante de Jesus, através dos seus Mensageiros, pela nossa melhoria, pelo nosso progresso. [...]. No entanto, no estado de vigília, ao despertar, devido à reduzida potencialidade do aparelho cerebral, conserva, apenas, a essência dos ensinos, sem os pormenores. [...] Contrariamente, almas ainda apegadas às expressões grosseiras da vida participam de reuniões de nível inferior, em zonas próximas à crosta terrena, com entidades do mesmo tipo vibratório.” (PERALVA, Martins. O Pensamento de Emmanuel. 6.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999)
4 – “Verdade é que o livre-arbítrio humano funciona, igualmente, durante o sono, encaminhando-se o Espírito para os lugares de sua preferência. A este respeito, dizem os Instrutores Espirituais que somos “chamados” a cooperar na obra divina. Contudo, a condição de “escolhidos” depende, em princípio, de nós próprios. Devotamento ao bem, persistência na melhoria dos sentimentos, fidelidade aos princípios superiores e operosidade no campo de trabalho que a Misericórdia Divina nos reservou, na gleba terrestre, eis os fatores que nos levarão a viver, durante o sono, com a dignidade compatível com o que temos aprendido na abençoada escola do Espiritismo. ‘A ordem é atestado de elevação’, ensina Emmanuel [...] A disciplina espiritual permite que encarnados aplicados e assíduos adquiram, nas assembléias do Espaço, o direito de consulta construtiva, em torno de temas fundamentais ao progresso humano.” (PERALVA, Martins. O Pensamento de Emmanuel. 6.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1999)
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