Visita às Ruas da Cidade

Desde que voltei à pátria verdadeira e me recuperei adaptando à nova vida, posso dizer que tenho trabalhado com afinco nas atividades necessárias ao meu espírito. Nunca fui alguém que exigisse este ou aquele serviço. Talvez o fato de ter sido um morador de rua na última existência e não ter tido grandes oportunidades facilitou-me ter esse pensamento.

Portanto, assim que me recuperei “fisicamente” meu períspirito anuí forças renovadas para seguir minha existência na erraticidade, assim peguei o primeiro “emprego” oferecido. Fiquei responsável por varrer e limpar o chão das enfermarias. Na maioria do tempo é um trabalho fácil, conquanto, algumas vezes há muito o que fazer além de apenas limpar. Como sempre procurei fazer bem feito e com muito carinho, logo me convocaram para outras atividades nas horas mais tranquilas em que pouco tinha o que limpar. Passei a vigiar aqueles irmãos enfermos e avisar os responsáveis quando algo estranho ou fora do habitual acontecia.

Daí por diante, fui tendo aos poucos várias outras pequenas responsabilidades e depois de praticamente um ano passei para a equipe da Caravana dos moradores de rua. Voltei às ruas, mas agora como um caravaneiro do lado espiritual... Quanta emoção! É lindo o que vejo aqui da espiritualidade. A alegria, a organização, o preparo que se realiza para cada atividade mensal. Não trabalhamos apenas um dia no mês. As nossas atividades não se resumem ao atendimento pontual. Temos muitas outras.

Na semana em que é realizado o trabalho visitamos as ruas da cidade e vamos preparando durante a noite, enquanto os amigos que serão atendidos dormem, o seu estado psíquico para receberem o atendimento. Vamos fazendo a aproximação de alguns de seus parentes encarnados ou já desencarnados para o auxílio naquele instante de atendimento. O que já nos dá mais uma atividade de seleção destes parentes de sangue ou de espírito. Tal seleção pode durar de algumas horas a alguns dias...

Fazemos uma limpeza na rota que será percorrida pela caravana encarnada e que já foi programada para o atendimento, mesmo que haja mudanças vez ou outra. Durante o trabalho dos encarnados ficamos a postos entre a proteção das vibrações, o encaminhamento dos parentes e logo em seguida a equipe vai se dividindo a cada parada para o encaminhamento daqueles que aceitam ser bem atendidos e voltam a dormir e também os irmãos desencarnados que são direcionados ou atendidos como se fosse uma grande “sessão de desobsessão” prática se podemos assim comparar...

Por isso nossa equipe aqui é grande. Saímos visitando as ruas da cidade de Goiânia com um grupo de mais de cem espíritos. Dentre eles temos os coordenadores, com muito conhecimento e sabedoria do que fazem. Temos os lanceiros ou guardiões que mantém a disciplina. Há ainda os doutrinadores e alguns psicólogos e psiquiatras, assistentes sociais, médicos e enfermeiros da espiritualidade... E existem outros simples trabalhadores que fazem o que for possível para auxiliar e contribuir nos encaminhamentos. Estou entre esses últimos...

É uma grande benção poder percorrer as ruas da querida cidade que me ensinou e acolheu meu espírito, só que agora do lado de cá. Aprendendo mais a cada visita. Percebendo o quanto há belezas no mundo, basta crermos e fazermos nossa parte. É maravilhoso saber que a espiritualidade nunca desampara estes irmãos de humanidade, que aliás, fui um deles há pouco tempo! É lindo saber que também fui atendido assim, com tanto desvelo e carinho, mesmo sem ter essa consciência. Faz-me pensar no quanto tenho que agradecer duplamente! Tanto por ter sido agraciado quando vivia nas ruas e agora que sou mais agraciado por visitá-los e poder retribuir o muito que recebi!

Obrigado Senhor, por me permitir visitar as ruas e os meus irmãos que nunca são esquecidos por Vós!

Wellington – 02.03.12