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No aprisco da primavera, uma saudade veio à mente de Renato que há muito vivia rodeado por muitos, mas sentia-se só no meio de tantos... Sensação estranha aquela. Saudosa e inexplicável. Enveredava seus pensamentos a memórias distantes de outras terras, de outros tempos...
É verdade que ele passara por muitas atribulações. Sofrera e pagara inúmeros pecados que muitos não acreditariam e talvez tivessem desistido no meio do caminho.
Era um homem de fibra moral inquebrantável e invejável. Entretanto, duro consigo mesmo, não se perdoava quanto aos seus próprios erros, por menores que fossem. Era como uma obsessão. Realmente era uma obsessão realizada por ele mesmo e que abriam portas ao quadro comum das influenciações...
Inimigos passados estavam sempre próximos, esperando uma oportunidade. Para dizer a verdade, eram poucas as oportunidades, pois Renato sempre procurava fazer o melhor. Fazer o bem sem ostentar, sem pedir algo em troca. Era vigilante e se cobrava muito para estar sempre agradando aos olhos de Deus. Homem temente, apesar de não ter uma religião, lia a Bíblia e refletia muito sobre suas palavras.
Conversava bastante com muitos conhecedores das religiões. Fossem padres, pastores, espíritas, budistas. Interessava-lhe suas posições, mas não queria assumir nenhuma doutrina ou religião. Gostava de agir à sua forma. Talvez, pensava, ele deveria mesmo era “pegar” o que de bom havia numa e noutra.
Vivia oferecendo arrimo, apoio e harmonia. Era um homem prático. Condescendente com o próximo e austero consigo mesmo. Era aí que apareciam suas maiores dificuldades na vida. Renato não tinha a sensibilidade para se perdoar facilmente. Era humilde em pedir perdão e procurar reparar suas faltas com suas vítimas quase sempre, vítimas sem a intenção de assim torná-las.
Sofria por dentro, pois se sentia o mais miserável dos seres. Tal insucesso íntimo só era amenizado pela presença de seu grande amigo e mentor, Alberto. Era dele que Renato sentia uma saudade imensa invadir seu peito. Há doze meses exatos seu amigo deixara o mundo da matéria e vivia em esferas mais sutis aos sentidos humanos. Não tinha mais quem ajudasse a tirar o peso de sua alma.
Sentia-se pecador de forma imperdoável. Era a porta aberta para os inimigos passados atuarem obsediando-o. O maior problema era que Renato endurecera tanto seu pensamento que não tinha como ser auxiliado pelos amigos espirituais.
O maior empecilho para própria felicidade era ele mesmo. Não saber perdoar-se é faltar amor a si. É ir contra o maior dos mandamentos. Jesus nos disse: “amem ao próximo como a si mesmos”! E não amem ao próximo e não a si mesmos...
Há grande equívoco em agir tão rigorosamente consigo. Os erros sempre acontecerão aos que lutam para evoluir, crescer perante a lei divina. Identificar os erros é algo muito saudável. O problema é identificar tal erro e se condenar perpetuamente a ele. É uma condenação muito cruel e que deve ser evitada para que transtornos futuros sejam evitados.
Renato estava saudoso de seu amigo, pois este se aproximara tentando despertar o primeiro desta barreira que se impôs... Com o pensamento no amigo, lembrou-se do sorriso, do jeito maroto e sempre tranquilo de Alberto pedindo a Renato que não se cobrasse tanto. “Erros acontecem. Só Jesus não errou. O importante é reconhecer o erro, pedir perdão, fazer por onde consertar e seguir em frente”. Parecia que Alberto estava ali lhe falando tudo isso... E realmente estava.
Inspirado pelo amigo, afastando-se vibratoriamente dos inimigos passados, Renato se reequilibrara e pela primeira vez conseguira superar-se “sozinho”. Mal sabia que seu antigo amigo o ajudara mais uma vez.
Assim devemos agir também. Sempre buscando estarmos atentos aos próprios erros. Sermos sim severos conosco e brandos com os outros, mas ao mesmo tempo, devemos ser justos com todos, inclusive conosco mesmo.
O ser que se condena estará realmente condenando não só a si, mas os outros que dependem de nós para dar o bom exemplo e servir de inspiração para uma vida melhor! Pensemos nisso!
Jesair Pedinte – 22.08.11
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