É um Passo

Depois de várias oportunidades na Terra, Venâncio novamente encarna em família cristã, todos comportando uma evolução um pouco mais espiritualizada.

Como missão e reconhecimento ao Criador e Sua bondade, receberam nosso amigo no seio familiar para ensiná-lo quem sabe a ser mais humano e amoroso.

Desde cedo Venâncio era um pouco diferente dos demais. Irritadiço, um pouco violento ou tosco nas ações desde tenra idade. Muito inteligente, sabia dos pormenores dos adultos. Coisas que quase nenhum colega daquela idade conseguia compreender, Venâncio conseguia.

Foi crescendo, assim como sua inteligência despertando, sua autonomia se concretizando ao lado do seu orgulho e arrogância...

Tudo voltara na fase adulta. Os mesmos erros. A mesma prepotência, dificuldades em perdoar, em pedir perdão, pois deveria ser como ele mesmo afirmava: “homem de verdade”!

Mesmo com os alertas, os ensinos, as broncas, os castigos educativos que recebia, Venâncio se considerava um verdadeiro ser diferente, renegado e sem condições de fazer amizades e manter sua família perto de si.

Não foi sem protestos que saiu de casa e nunca mais, pensava ele, queria ali voltar. Saiu praticamente sem levar nada pelo orgulho ferido por causa da conversa que tivera com os seus genitores antes de tal decisão drástica.

Assim, foi-se embora e tudo ficou diferente. Com muitas dificuldades, desnecessárias, diga-se de passagem, conseguiu ir sobrevivendo, terminando sua faculdade e por fim os estudos. Empregos pequenos não importavam para ele.

Queria que todos o vissem, prestassem atenção nele e no que ele fazia! Era realmente muito competente e por isso não foi difícil chegar ao “topo”.

Esquecendo da infância humilde de pés no chão que ele outros tinham por falta de sandália e de dinheiro que as comprasse... Até isso ele simplesmente esquecera não mais tinha em mente os planos iniciais de mudar de rumo, mudar de vida, seguir um bom caminho, auxiliar os outros.

Foi neste caminho de derrocada, mesmo com tantas oportunidades que volta Venâncio infeliz e perdido às lágrimas da vida desperdiçada querendo mais uma chance.

Diz-lhe o anjo que o recebera:

- O que fizeste do corpo que o Senhor lhe emprestou?

- Malbaratei, usei e abusei. Dos vícios, do sexo, da língua, da preguiça, da força...

- E da sua inteligência, o que fez?

- Julguei, fui maledicente, maltratei, enganei, roubei... – falava como se não pudesse segurar as palavras...nada conseguia esconder do anjo.

- Do dinheiro que recebestes?

- Alimentei meus vícios do corpo e da alma.

- Das crianças que te encaminharam?

- Dei dinheiro para que elas estivessem longe de mim.

- Da esposa que te foi oferecida?

- Do meu jeito amei... Mas ela não aguentou e me deixou...

- Do trabalho que lhe foi dado para sustentar-se?

- Fui desonesto e infeliz. Apenas suguei o máximo que encontrei e depois, nada mais quis...

- E da vida?

- Joguei-a fora... Infelizmente.

- E agora? O que achas que te acontecerá?

- Não sei...

- Será que poderá permanecer nesta bendita Terra que terá a paz e o amor reinantes? Ou tu mesmo escolherás pelo bom senso o transporte de tua alma para outro orbe?

- Quero ficar!

- Mas podes ficar?

- ...Não... Não mereço...

- Então vá meu filho, cumpra seu destino que tu mesmo traçaste. Mas agora seja diferente! Faça desta, uma nova oportunidade sim! E aprenda que Deus só nos quer bem. Evoluindo para os Teus braços hoje e sempre!

Venâncio, mesmo tendo o coração dilacerado por ser deportado, seguiu com a caravana. Mas dali em diante percebeu que um novo ser nascera e aquele novo ser faria o que não fizera em centenas de encarnações. Amaria e repararia o que de errado fizera.

O reconhecimento, mesmo tarde é um passo rumo ao Criador. Lembre-se sempre disto!

Jesair Pedinte – 25.11.11