O Velho da Paz

Na rua andava calmamente.
Com o olhar ao longe...
Passos a poucos centímetros elevados...
Sorriso fácil e iluminado!

Era o velho que morava só!
Na rua da Estrela que não dava nó...
Com a casa branca de uma porta só...
E um jardim pra se dizer “ohhh”!

Ninguém o via reclamar,
Ou com o semblante sisudo ficar...
Estava sempre a bailar
Pelas ruas procurando a quem não tinha com o que se alimentar!

Era cachorro...
Outras vezes gato...
Muitas vezes homem...
O velho gastava seu dinheiro curto
Com desconhecidos tortos...

Mas como conseguia,
Com o salário de alforria,
Alimentar uma infantaria
De desgraçados e renegados da vida?

Era uma imensa correria!
Cedinho saía...
E depois do almoço já de volta vinha...
Com vasta comida!
No seu carrinho que improvisado tinha...

E ao chegar...
A multidão de desvalidos a esperar,
Com calma e ordem o velho arrumava
E supria a fome do corpo daquela verdadeira multidão...
Não sem antes pedir silêncio e perdão...
Pois não havia comida sem prece ou oração!

Tanto deu o velho da paz...
Que no fim, alquebrado já não tinha como viver folgado...
Na suposta paz,
Daqueles que pensam que a vida é só descanso
E nada mais!

Fechou os olhos só...
Mas os amigos assistidos...
Condoídos, mendigaram recursos unidos!
Para dar ao velho que só trouxe paz
Um descanso. Agora seu corpo jaz...
E na humilde lápide assim se lê:
Como Jesus, ele nos deu o pão da vida. Obrigado velho da paz!
Sodré, o ritmista – 12.12.11

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bora Viver

Livres

Culpabilidade