Sodré: Auto-Apresentação
Vivi na Espanha em minha última encarnação, fui um escritor e poeta, por isso o ritmista. Fui um galã, um amante, uma pessoa que infelizmente, participou de muitas presepadas. Casos amorosos, desencaminhei muitas moças. Confesso que fui uma pessoa da vida. Bebia, fumava. Enfim, um boêmio.
Tinha certa condição financeira. Tive bons pais. Minha mãe era muito católica, uma pessoa boníssima, possuidora de um coração generoso. Graças a ela estou aqui hoje. Meu pai, apesar de ser ateu, era um homem muito bom e correto com a vida. Como vivi sendo patrocinado em tudo, fui para boas escolas, faculdades e por isso fiquei um pouco longe de meus pais e de seus bons exemplos. Isso acabou me dando essa liberdade de pensamento e em vista disso me perdi mais facilmente nas facilidades e prazeres da vida.
Desde cedo gostava de escrever, era minha tarefa nessa encarnação. Infelizmente não aproveitei bem como deveria. Pois era pra ser um romancista do bem de forma plena. Tive lampejos de bondade em meus escritos e foi isso que me auxiliou após o desencarne, contudo, na maioria do tempo utilizei este dom equivocadamente. Em vista disso, passei alguns anos nas regiões inferiores como um artista literário falido. Desvirtuei muitas mentes com meu trabalho infeliz.
Meus textos acabaram contribuindo para deturpar a moral do homem e da mulher, principalmente do homem. Mesmo assim, era uma pessoa muito alegre, talvez confundisse ser boêmio com ser alegre. Essa alegria auxiliou-me em meu resgate. Infelizmente, nos tempos atuais do planeta Terra vários artistas estão tendo o mesmo comportamento que tive nessa última existência. Muitos têm lampejos de sabedoria, bondade e contribuições morais para a humanidade.
Fui um artista que não aproveitou bem o seu momento, a sua oportunidade de crescimento como Espírito imortal, de poder contribuir para o crescimento da humanidade, para a expansão dos bons sentimentos através da literatura boa e bela. Mesmo assim, plantei alguns méritos que me trouxeram nesta posição atual. Caso seja do meu merecimento, planejo reencarnar, contudo, não será breve. Vim para a região espiritual do Brasil para afastar-me um pouco deste passado. Pois não foi a primeira vez que me desenganei pelos caminhos da vida eterna na região européia.
Hoje compreendo os ensinamentos de Jesus, hoje acredito em Deus, e tenho uma fé muito grande por Ele. Antes era um ateu pela influência de meu pai e pela época em que vivi em que a ciência começou a questionar Deus de forma infantil.
Graças a minha mãe, fui trazido para o Brasil a fim de recomeçar. Depois de muitos cursos e muitos anos sem poder escrever, finalmente recebi nova oportunidade do que mais gosto de fazer: escrever.
Isto se deu pelo convite de nosso irmão e professor Jesair que trabalha em várias regiões e atividades. Contudo, ele disse que eu deveria agora escrever apenas para o bem, sem desvios e teria muito que aprender. Aceitei com alegria e muita emoção esta nova oportunidade, essa Graça Divina.
Fiquei sem escrever por cerca de 120 anos. Desencarnei com aproximadamente 48 anos por uma tuberculose antes mesmo de findar o século XIX. O que aconteceu após a morte do corpo físico? Minhas mãos atrofiaram devido à consciência pesada cobrar-me o desencaminhamento de tantas pessoas que leram meus escritos. Meus pensamentos ficavam embotados, como se não conseguisse pensar e escrever nada. Após o recolhimento, passei por um tratamento longo para reaprender a pensar e escrever, pois fiquei como um demente no mundo espiritual inferior.
A própria doença continuou manifestada após o desencarne. Passei por fisioterapia que poderia ser denominada uma “psico-fisioterapia espiritualizada” a fim de recuperar os movimentos das mãos.
No fim do século XX recebi o convite do professor Jesair e desde o planejamento da reencarnação de todos vocês temos trabalhado muito para nos preparar as atividades deste trabalho tão sério, e que deve ser encarado com muita disciplina, dedicação e acima de tudo com muita humildade, pois somos apenas um grão de área na imensidão do mar.
A emoção que tive de voltar a escrever foi imensa, incomensurável. Agradeço principalmente a Deus pela bondade que Ele estende sobre mim de poder utilizar a arte para o bem. Um dia espero retornar ao mundo para recuperar o tempo perdido, mas tenho receio ainda de voltar utilizando a arte, com medo de novamente perder-me na matéria, nos vícios morais que luto em superá-los.
Diante da minha experiência, da dor de ter fracassado em uma existência que deveria ter irradiado a arte bela e boa aos corações das criaturas. Gostaria de deixar um conselho aos artistas do mundo, apesar de não considerar-me apropriado para tal.
Irmãos e amigos que se dedicam a arte, procurem compreender, respeitar e direcionar a força criadora para o bem. Não vale a pena utilizar a arte para o mal. Vocês não têm noção do quanto podemos sofrer quando utilizamos a arte para desencaminhar os irmãos de humanidade.
É muito doloroso ver que uma obra sua influenciou alguém a assassinar outra pessoa, a suicidar-se, a entrar no mundo dos vícios morais e materiais. A responsabilidade que cai nas costas de quem erra na arte é muito grande, muito pesada. Pelo outro lado, quando bem utilizada, quantas emoções adquirimos ao ver que contribuímos para as pessoas recuperar a vontade de viver, voltar a acreditar em Deus, a querer fazer o bem, a viver melhor.
A arte é uma força maravilhosa que deve ser aproveitada sempre para o bem. Este é o conselho que desejo oferecer humildemente aos artistas. A arte deve estar lado a lado com o bem, com o amor.
As atividades com o professor tem sido de grande aprendizado, pois percebo que Deus ainda olha por mim, mesmo tendo utilizado a arte de forma equivocada Ele permitiu-me está aqui a utilizando agora para o bem. Tenho procurado aproveitar ao máximo. Tenho aprendido a importância da disciplina, dos estudos, da moral. Mas principalmente de conhecer a mim mesmo e a reconhecer a sabedoria e a bondade de Deus! Este é meu maior aprendizado neste trabalho! Quanto ao nosso professor, agradeço pela humildade que ele tem, considero-o como um pai e sou grato por isso tudo! Espero cada dia esforçar-me para melhor.
Agradeço a vocês por me receberem tão bem, como se eu fosse merecedor de todas as honras, algo que não sou. Tenho uma afinidade muito grande com o médium, mas não sei se há alguma afinidade de outras vidas. Ainda sou um Espírito muito pequeno para saber e compreender as coisas de Deus. O conhecimento que tenho, trata-se apenas o que deixei relatado nestas páginas. Obrigado! Fiquem com a paz de Deus!
Sodré
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