Esclarecendo Dúvidas: A Arte e as Leis Morais

Qual é a importância do estudo das Leis Morais1 para o artista espírita?
Esta é uma questão óbvia e essencial para todo o artista que quer se autodenominar espírita. Estudar as Leis Morais dará o conhecimento necessário para que tal indivíduo possa fazer uma arte do bem2 com a consciência do que deve ou não ser abordado e divulgado com a devida seriedade!
Infelizmente, muitos dos voluntários que se dizem artistas3; artistas espíritas, artistas do bem, artistas cristãos estão longe desta realidade. Poucos têm procurado observar este fator essencial para a divulgação do Evangelho de Cristo.
O número é ainda mais reduzido quando observamos a prática, ou pelo menos a tentativa de prática destas Leis Naturais. Sendo: Lei de Adoração, Lei de Sociedade, Lei do Trabalho, Lei do Progresso,  Lei de Reprodução, Lei de Conservação, Lei de Destruição, Lei de Igualdade, Lei de Liberdade, Lei de Justiça, Amor e Caridade.
Aliás, poucos sabem que existem tais Leis de forma consciente. Poucos estudaram esta classificação, que apesar de não ser essencial saber exatamente o nome de cada uma delas, e sim ter a consciência de que elas devem ser praticadas com a melhor das intenções e realizações.
As Leis Divinas nos são trabalhadas e ensinadas desde o momento da criação. No Livro dos Espíritos, afirma-se que elas estão gravadas na consciência do ser criado. André Luiz nos informa que este processo se dá com a evolução do espírito passando por todos os reinos: mineral na qual há a atração; vegetal no qual há as primeiras sensações; animal no qual imperam os instintos, hominal em que a razão e consciência começam a se fazer presente e desenvolver-se.
Mas, qual a importância das Leis Naturais perante a arte? TODAS! Como realizar a arte verdadeira, a arte divina, do bem quando não se conhece as Leis que regem o universo?
Quem em sã consciência pode afirmar que pode ser um artista do bem, um artista espírita sem estudar com afinco o que se fala nas suas Leis? Estão nelas a fórmula para a evolução, o desenvolvimento inclusive da arte!
Está na Lei do Progresso a necessidade de crescer, estudar, praticar o bem comum, para o desenvolvimento de todas as áreas do saber. Assim, o artista do bem precisa compreender a importância da arte perante a evolução do espírito4.
Na Lei de Igualdade está o sentimento de que todos têm o mesmo direito de servir e criar, uns avançaram mais que outros e têm o dever de compartilhar suas conquistas. O artista do bem que conquistou um conhecimento a mais deve compartilhar e divulgar o que aprendeu com os demais companheiros de jornada.
A arte auxilia a ligação da criatura com o Criador através da Adoração5. A arte é o belo fazendo o bom! O que é belo e bom com certeza faz com que possamos adorar e retribuir o que Deus já fez, faz e fará por nós! E retribuir esta confiança é Adorá-Lo!
O artista pode e deve abordar a Reprodução como algo divino. Como um atributo do Criador que estendeu à suas criaturas. Reproduzir é criar. Reproduzir de forma responsável é amar. E o que é a arte sem a criação?
Através da arte aprendemos a viver em conjunto. Um dependendo do trabalho e atuação do outro para que esta arte possa se fazer e se apresentar da melhor maneira possível. Os artistas devem viver em Sociedade6 observando seu papel, respeitando uns aos outros, procurando o bem comum. A arte une e faz crescer o sentimento de harmonia e fraternidade, pois quando se trabalha para o bem de forma conjunta, estamos nos ligando aos objetivos do Criador! E mesmo quando o artista trabalha aparentemente só na matéria, há muitos que estão em regime de parceria inspirando-o na espiritualidade!
A arte exalta a Conservação do espírito imortal deixando um legado à humanidade, ressaltando que a beleza e o amor são eternos! O corpo do artista pode morrer, mas sua arte fica para a humanidade pela eternidade, sempre que ela se baseia na arte do bem, na arte do amor!
E para construir, criar é preciso desorganizar, muitas vezes desconstruir e destruir o que já foi feito. A Destruição dos pré-conceitos, do homem velho para o homem novo é facilitada pelo envolvimento da arte. O artista do bem destrói os vícios da alma para exaltar a beleza da vida. Inspira-se, renova-se quebrando paradigmas e cristalizações infelizes de sua alma!
Tudo isso é realizado pelo Trabalho7! Sem o trabalho não há criação! O trabalho une, o trabalho destrói e constrói! Ele conserva o que já foi conquistado, reproduz o que deve ser compartilhado, exaltado e adorado. Permite que haja igualdade de sentimentos e atitudes. Trás a liberdade!
Liberdade que deve ser um dos objetivos do artista do bem, pois que por sua arte ele pode libertar as consciências ainda arraigadas no mal e na ignorância8! A arte liberta o pensamento escravizado!
Por fim, a arte exalta, exemplifica e pratica o Amor, Justiça Divina e a Caridade! Até porque, como o próprio codificador afirmou, a maior caridade perante a Doutrina Espírita, e por que não dizer, perante o bem e a verdade é a sua divulgação! A arte é um dos meios mais eficientes de divulgar o bem, o amor, a justiça, a igualdade, o perdão... Enfim, a arte do bem atua no sentido de auxiliar intensamente a evolução do espírito imortal9!
Jesair e amiGOS – 10.08.12                                                              

1 – “Todos os Espíritos, encarnados e desencarnados, estão submetidos à Lei Natural que governa o Universo, que é a Lei de Deus. Eterna e imutável como o Criador, ela se divide em Leis Físicas e Leis Morais, sendo que ambas estão acima das legislações humanas, transitórias e imperfeitas. [...] Deus não criou o mal! Ele estabeleceu Leis Perfeitas, porque é soberanamente bom e perfeito. Se observássemos as Leis Divinas, seríamos felizes. Tendo, porém, o livre-arbítrio, nem sempre os Espíritos observam estas Leis. [...] Todos os homens têm potencial para conhecer a Lei Natural, mas nem todos estão em condições evolutivas para compreendê-la. Os homens de bem e os que decidem a investigá-la são os que melhor a entendem. Entretanto, todos a compreenderão um dia, porque é preciso que o progresso se cumpra [...] Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” (TORCHI, Christiano. Espiritismo Passo a Passo com Kardec. 2. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007)
2 – “A moral é a regra para se conduzir bem, quer dizer, a distinção entre o bem e o mal. Ela se funda sobre a observação da Lei de Deus. O homem se conduz bem quando faz tudo em vista e para o bem de todos, porque, então, ele observa a Lei de Deus. [...] A Lei Natural traça ao homem o limite de suas necessidades, e quando ele a ultrapassa, responderá pelos teus atos. Se o homem escutasse, em todas as coisas, essa voz que diz basta, evitaria a maior parte dos males e sofrimentos, dos quais acusa a Natureza.” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 182. ed. São Paulo: IDE, 2009)
3 – “É preciso devolver ao teatro, assim como nas demais categorias da arte, a sua dignidade, reconstituir o ideal da cena desonrada por autores inaptos e corrompidos. Com o espetáculo mudando costumes e meios sociais, que constituem a trama da comédia, é preciso saber escolher o que pode elevar as inteligências e os corações. No entanto, como em nossos autores contemporâneos o que domina é sempre o tema do amor culpado, do amor doentio, assim se aguçam os apetites carnais, alimentam-se as paixões, precipita-se a decadência do teatro e trabalha-se para a corrupção geral. Parece que nossa época tem um gosto particular pelos tóxicos. Na ordem material, esse gosto se traduz pelo uso imoderado do álcool e do tabaco, até mesmo do ópio, do éter e de outras drogas maléficas, de tudo o que provoca as desordens físicas, arruína a saúde, faz a raça definhar. Na classe intelectual, esse gosto se manifesta por uma espécie de predileção por uma literatura e espetáculos pervertidos. Aqui o mal é ainda mais grave, porque é a consciência, o senso moral, a dignidade do homem que são atingidos. E daí resulta uma expansão dos apetites sensuais, uma orientação defeituosa da vida e das faculdades. Eis por que convém procurar todos os meios de elevar as almas, os pensamentos, em direção a essas regiões em que as emanações do alto varrem todas as impurezas. Desses cumes radiosos, contempla-se e penetra-se melhor a essência das coisas e de lá se desce com a soma de energia necessária para prosseguir nas lutas deste mundo e afastar de si as tentações perigosas, os prazeres aviltantes.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1.ed. Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2006)
4 – “A arte é, por si mesma, plena de ensinamentos, de revelações, de luz. Ela arrasta a alma em direção às regiões da vida espiritual, que é a verdadeira vida, e que a alma anseia tornar a encontrar um dia. A arte bem compreendida é um poderoso meio de elevação e de renovação. É a fonte dos mais puros prazeres da alma; ela embeleza a vida, sustenta e consola na provação e traça para o espírito, antecipadamente, as rotas para o céu. Quando a arte é sustentada, inspirada por uma fé sincera, por um nobre ideal, é sempre uma fonte fecunda de instrução, um meio incomparável de civilização e de aperfeiçoamento.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1. ed. Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2006)
5 – “Adorar a Deus em espírito e verdade é cultivar a sinceridade e a pureza de sentimentos, requisitos indispensáveis à revelação de Deus em nós mesmos. Adorar a Deus em espírito e verdade é viver segundo as grandes Leis Divinas, gravadas em caracteres no âmago das nossas consciências, e que se traduzem em amor e justiça. Adorar a Deus em espírito e verdade é colaborar, por pensamentos, palavras e obras, no estabelecimento do seu reino neste mundo; reino de fraternidade, de igualdade e de liberdade. Adorar a Deus em espírito e verdade é tornar-se progressivamente melhor, opondo embargos às expansões do egoísmo, cultivando a mente e o coração. [...] Adorar a Deus em espírito e verdade é servir à humanidade, é querer o bem de todos os homens, é renunciar à sua personalidade em favor da coletividade. [...] Adorar a Deus em espírito e verdade é adorá-lo no templo vivo, que somos nós próprios; é escoimar o nosso coração de toda a impureza, transformando-o em custódia sagrada, onde se ostente, em realidade, sua augusta imagem, a cuja semelhança fomos criados.” (___. Em Torno do Mestre. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991)
6 - “A atividade artística também se inclui entre as atividades que requerem profundo senso de colaboração. Ao participar de uma apresentação artística, o indivíduo faz parte de um grupo maior, onde ele é, de um lado, peça importante, e de outro, parte integrante de um todo. O ‘todo’ em nosso caso, não é apenas uma reunião das partes, mas é um ‘organismo’ vivo, que depende da atuação de cada um. O valor da colaboração, que é a essência primeira do sentimento cristão, caminho para o amor ao próximo, se faz marcante. O sucesso da apresentação depende da colaboração de muitos. E esse sentimento se torna uma certeza para todos os que participam. [...] Temos momentos de desprendimento, momentos de generosidade. [...] Ao trabalhar em grupo, a criança, o jovem, o adulto, integrados num mesmo objetivo comum, encontram a alegria da convivência, da troca de energias, de vibrações positivas e, ao mesmo tempo, a oportunidade de colaborar e perceber o imenso valor desse espírito de colaboração.” (ALVES, Walter Oliveira. O Teatro na Educação do Espírito. 1. ed. São Paulo: IDE, 1999)
7 – “O trabalho, portanto, sob qualquer expressão em que se apresente, tem como finalidade precípua felicitar o ser, erguê-lo do charco das paixões inferiores para os planaltos da realização feliz. [...] Trabalho não é somente o de natureza material, o do esforço físico, que se investe na realização de qualquer coisa, mas também toda e qualquer dedicação e atividade mental, emocional, aplicada no sentido do bem. Não poucas vezes, o trabalho, intelectual e artístico, faz-se mais desgastante e exaustivo do que o de natureza meramente física, em razão do esforço que se despende, assim como da concentração mental que é exigida. Todo trabalho, portanto, enriquece a vida e a enobrece.” (ÂNGELIS, Joanna. Sendas Luminosas. São Paulo: DIDIER, 1998)
8 – “[...] Vários espíritos de artistas se apresentam em determinada região do astral inferior e, através da música, tocam no coração e na intimidade daqueles que ainda não despertaram para a vida espiritual. Quando a arte, a poesia, a música e outros talentos são utilizados com o objetivo de tocar os corações mais materializados, essas almas sofridas modificam a sintonia íntima. Em momentos como estes, durante e após as apresentações artísticas, uma legião de espíritos do bem passa a encontrar naqueles que compõem a multidão desnorteada o clima íntimo propício para que sejam auxiliados. [...]. A arte eleva a alma. Com a sensibilidade aflorada, a multidão torna-se mais acessível ao socorro dos espíritos chamados samaritanos. Milhares de desencarnados são retirados das regiões inferiores durante nosso espetáculo.” (PINHEIRO, Robson. Faz Parte do Meu Show. 1. ed. Casa dos Espíritos, 2010)
9 - “A pura intelectualidade, desacompanhada de princípios excelentes, que somente as verdadeiras qualidades do coração produzem, assim como a Arte, por si só, com o séquito da vaidade, do orgulho, da falta de boa moral, não permitem a ascensão do seu cultor aos planos rutilantes do Belo, existentes no Além. O que equivale a asseverar que nenhuma conquista feliz, no Além-Túmulo, será possível sem a renovação do Espírito, ou seja, a sua reeducação moral.” (PEREIRA, Yvone Amaral. Devassando o Invisível. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009)

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