Esclarecendo Dúvidas: A Arte no Combate ao Orgulho e ao Egoísmo

É possível que a arte auxilie o espírito a combater o orgulho e o egoísmo?
Parece paradoxal afirmar que a arte auxilia no combate ao orgulho e egoísmo. Entretanto, o que não parece auxiliar, pode fazer “milagres”1 no sentido de que não podemos ainda compreender todo o mecanismo de evolução do espírito imortal.
A arte auxilia neste combate de várias maneiras. Mas, sobretudo, a arte espiritualizada e voltada para os princípios da vida com Deus. A verdadeira arte baseada no amor e no conhecimento. Quando um irmão (a) é tocado por uma obra de arte, seja ela uma pintura, uma música, uma escultura, uma dança, uma peça teatral é como um estalo, um despertar dos sentimentos na alma imortal!
Esse primeiro choque que faz o despertar do espírito imortal é tão antigo quanto cada um pode imaginar, ele realiza o primeiro combate aos vícios da alma, o que inclui perfeitamente o orgulho e egoísmo.
Isso porque são as maiores chagas da humanidade e não passam incólumes aos verdadeiros sentimentos do bem. A bela arte que é útil aos desígnios de Deus bate de frente com tais sentimentos inferiores.
Quantos são os encarnados que já foram tocados profundamente por uma peça de arte, seja qual for a manifestação, para mudar o foco de suas ações e pensamentos?
A arte tem esse poder de despertamento! Muitos que estudam, conhecem as Leis de Deus, são tomados pelo egoísmo e o orgulho e não conseguem domá-los. Entretanto, quando vê uma manifestação artística que lhe faça ter uma reflexão profunda, uma catarse de tudo o que vive, começa a mudar de dentro para fora. É o despertar provocado pela arte do bem!
Contudo, a arte não é só para o despertar, pode também ser auxiliar a confirmar tudo o que a reforma íntima já tem realizado aos poucos. Ela serve como uma re-afirmação daquilo que tem sido buscado. A arte do bem não tem hora para ser feita e apreciada! Ela é um auxiliar direta2 na evolução rumo a Deus!
Mais do que isso, a arte serve para aqueles que a procuram fazer. Como? Aquele que sobe num palco não o faz por orgulho e egoísmo?
Em parte pode até ser, dependendo da condição evolutiva do espírito. Conquanto, há muitos artistas que trabalham com a arte espiritualizada e que procuram se espiritualizarem de coração. Ser um artista espírita, um artista cristão, um artista do bem não é nada fácil, pois para sê-lo e levar a arte divinizada há que se ter a responsabilidade necessária para o auto-educar3!
O artista do bem que não tenta combater em si o orgulho e o egoísmo não consegue sinceramente melhorar a si mesmo e nem consegue levar à frente por muito tempo os corações que lhe confiam e admiram-se com o trabalho de arte realizado por ele.
O artista cristão deve exemplificar tudo o que procura mostrar. E caso não consiga, deve ao menos se esforçar4. É nesse esforço que se combate tanto o orgulho quanto o egoísmo enraizado dentro de cada ser.
É assim que subindo num palco a responsabilidade aumenta significativamente! Nenhum artista cristão, nenhum artista do bem pode ter esse papel sem combater a si mesmo. Seus próprios males da alma. Esta responsabilidade perante quem os admira é o que nos impulsiona, como artistas de Deus, para o combate dessas duas chagas infelizes que a humanidade ainda tanto cultiva nos valores sociais.
Especificamente o artista espírita acaba sendo privilegiado neste aspecto, pois deve ser artista, trabalhador, estudante, médium para que possa fazer o trabalho com a arte. Não terá nunca dinheiro em contrapartida ao trabalho, apesar de precisar dele para realizá-lo com maior qualidade. Será sempre criticado, pois a arte espírita ainda precisa evoluir bastante nas técnicas para que o público realmente se satisfaça e não critique tanto. E mesmo que haja muitos trabalhos de qualidade, muitos artistas são cobrados justamente para que sua prática assistencial seja realizada em outros âmbitos da caridade5, onde trabalharão sua humildade, servindo de forma simples e abnegada.
O artista espírita deve procurar ser o menor dentre todos, buscando relembrar o ensino de Jesus ao lavar os pés dos seus discípulos! Deve ser o primeiro a chegar ao trabalho e o último a deixá-lo! Esquecer a si, procurar servir e viver o que procura ensinar!
É assim que se combate o orgulho e o egoísmo pela arte. A arte está sempre como um auxiliar na evolução do espírito imortal6. Caso ela venha a oferecer a porta larga, também poderá oferecer a porta estreita. A porta larga fica a cargo da irresponsabilidade da arte mundana e afastada dos bons valores. A porta estreita fica a cargo da responsabilidade da arte divinizada!
Façamos a arte do bem e como consequência, combatamos tanto o orgulho e o egoísmo em nossos corações!
Jesair e amiGOS – 23.03.12

1 - “A arte consegue penetrar nos escaninhos da alma, da sensibilidade, da beleza, do amor. A música, a dança, o teatro, a história, a poesia, as pinturas, esculturas, trabalham em níveis mais sutis com o sentimento. Pode-se trabalhar a coragem, a força interior de nossa vontade, a persistência, o dever e outros fatores ligados aos sentimentos, até o seu ponto mais alto que é o amor. [...] A atividade artística também se inclui entre as atividades que requerem profundo senso de colaboração. Ao participar de uma apresentação artística, o indivíduo faz parte de um grupo maior, onde ele é, de um lado, peça importante, e de outro, parte integrante de um todo. O ‘todo’ em nosso caso, não é apenas uma reunião das partes, mas é um ‘organismo’ vivo, que depende da atuação de cada um. O valor da colaboração, que é a essência primeira do sentimento cristão, caminho para o amor ao próximo, faz-se marcante. O sucesso de uma apresentação depende da colaboração de muitos. E esse sentimento se torna uma certeza para todos os que participam. ” (ALVES, Walter Oliveira. O Teatro na Educação do Espírito. 1. Ed. São Paulo: IDE, 1999)
2 - “[...] A Arte, por sua vez, auxiliará a evolução do homem, elevando o espírito a patamares mais altos, na sensibilidade, na beleza, na harmonia, na virtude. [...] Não resta dúvida quanto à excelência da arte em geral, em particular na tarefa de evangelização sem seu profundo sentido de educação do espírito, no desenvolvimento gradual das potências do espírito.” (ALVES, Walter Oliveira. O Teatro na Educação do Espírito. 1. Ed. São Paulo: IDE, 1999)
3 - “Talvez não entendamos de imediato nosso papel na vida, mas podemos ter a certeza de que todos são importantes e todos fomos convocados a dar nossa contribuição ao Universo. A cada instante, estamos criando impressões muito fortes na atmosfera espiritual, emocional, mental e física da comunidade onde vivemos. Todo o envolvimento na vida tem um propósito determinado cujo entendimento, além de esclarecer nosso valor pessoal, favorecerá o amor, o respeito e a aceitação de cada um de nossos semelhantes.” (HAMMED. As Dores da Alma. 1 ed. São Paulo: Boa Nova, 1998)
4 - “170 – Com tantas qualidades superiores para o bem, pode o artista de gênio transformar-se em instrumento do mal?
O homem genial é como a inteligência que houvesse atingido as mais perfeitas condições de técnica realizadora, por haver alcançado os elementos da espontaneidade; essa aquisição, porém, não o exime da necessidade de progredir moralmente, iluminando a fonte do coração. Em vista de numerosas organizações geniais não haverem alcançado a culminância de sentimento é que temos contemplado, muitas vezes, no mundo, os talentos nobres encarcerados em tremendas obsessões, ou anulados em desvios dolorosos, porquanto, acima de todas as conquistas propriamente materiais, a criatura deve colocar a fé, como o eterno ideal divino.” (Emmanuel. O Consolador. 28. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008)
5 - “Se possuímos a verdadeira caridade espiritual, se trabalhamos pela nossa iluminação íntima, irradiando luz, espontaneamente, para o caminho dos nossos irmãos em luta e aprendizado, mais receberemos das fontes puras dos planos espirituais mais elevados, porque, depois de valorizarmos a oportunidade recebida, horizontes infinitos se abrirão no campo ilimitado do Universo, para as nossas almas, o que não poderá acontecer aos que lançaram mão do sagrado ensejo de iluminação própria nas estradas da vida, com a mais evidente despreocupação de seus legítimos deveres, esquecendo o caminho melhor, trocado, então, pelas sensações efêmeras da existência terrestre, contraindo novas dívidas e afastando de si mesmo as oportunidades para o futuro, então mais difíceis e dolorosos.” (Emmanuel. O Consolador. 28. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008)
6 – “Em nossos dias, muito frequentemente a arte é aviltada, desviada do seu objetivo, escravizada por mesquinhas teorias de escola e, principalmente, considerada como um meio de chegar à fortuna, às honras terrestres. Emprega-se a arte para adular as más paixões, para superexcitar os sentidos, e assim faz-se da arte um meio de aviltamento. Quase todos aqueles que receberam a sagrada missão de conduzir as almas para o alto se eximiram dessa tarefa. Eles se tornaram culpados por um crime, recusando-se a instruir e a esclarecer as sociedades, perpetuando a desordem moral e todos os males que se precipitam sobre a humanidade. Esse comportamento explica a decadência da arte em nossa época e a ausência de obras importantes. [...] O orgulho do homem é que fez a fonte das altas inspirações secar. A vaidade, que é o defeito de muitos artistas, torna o seu espírito insensível e afasta as grandes almas que concordariam protegê-los. O orgulho forma uma espécie de barreira entre nós e as forças do Além. [...]. Lembremo-nos que a arte é a busca, o estudo, a manifestação da beleza eterna.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1 ed. Rio de Janeiro: Edições Léon Denis, 2006)

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