Esclarecendo Dúvidas: Artista que se Afasta do Caminho de Deus


Por que o artista muitas vezes se afasta do caminho do amor e de Deus?
Pergunta interessante, pois possui uma dualidade fascinante. Ao mesmo tempo em que pode ser óbvia, suas explicações são profundas e detentoras de infinitas possibilidades.
O motivo do artista afastar-se do caminho do amor e consequentemente de Deus é o mesmo que o espírito imortal opta por seguir as mesmas alternativas possíveis.
Deus nos ofereceu o livre-arbítrio1 e por isso, o ser humano como um todo acreditou ter o poder divino em suas mãos. Realmente o possui de forma bem limitada e de acordo com suas capacidades adquiridas passo a passo. À medida que as capacidades aumentam, as escolhas e caminhos se multiplicam!
Por que um artista que só quer trazer o belo se desvirtua? Primeiro porque é um ser humano, e portanto, falível! Segundo porque ainda pouco se sabe sobre os caminhos que nos levam exatamente ao Criador!
O orgulho de sentir-se melhor e maior2 do que os outros, arrasta muitos sentimentos que inicialmente são inofensivos e como um vírus se espalham na mente imortal, no coração, tornando-se vaidade, prepotência. Entre tantos outros vícios da alma! O egoísmo atua alimentando esse desvio que chega a cegar o verdadeiro motivo do artista de existir e criar3!
É muito difícil ser artista na atualidade, pois poucos, se é que alguém pode alegar algo tão inocente como dizer que não sabia que sua arte deve ser utilizada para o bem comum4 sem prejuízos a ninguém, podem até não seguir ou acreditar, mas quem pode afirmar que nunca ouviu o refrão de Cristo “Faça aos outros o que gostaria que fizessem contigo”? Não. É uma realidade repetida por tantos séculos que a ignorância praticamente não existe no mundo. Ainda assim, por diversas vezes o artista consegue se afastar de Deus!
Afasta-se porque necessita sentir-se mais e melhor do que os demais! Afasta-se porque é melindroso e egoísta! Acredita que também é um Deus em sua vaidade orgulhosa5! Afasta-se porque quer se exaltar em seu orgulho infantil! Afasta-se porque ainda não consegue se enxergar como mais um soldado do bem enviado pelo Criador a fim de inspirar o amor, a verdade e a vida!
Cuidado, meus amigos que se interessam pela arte no mundo! Seja esta relação profissional ou apenas amadora. Cuidado6! Pois a arte tem um poder elevado que arrasta almas e multidões para os caminhos exaltados por ela. Quanto melhor for o arrebatamento para o bem, melhor! Do contrário, quanto mais profundo for a propaganda desvirtuada pela arte mal aplicada, pior!
“É necessário que o escândalo venha, mas aí daquele que o fizer”! A arte é força, é ferramenta. Quem a usa deve ter consciência do que faz e de quem inspira! Chega de sofismas e afirmações dúbias quando se trata de arte!
A arte deveria significar apenas amor e bondade por si mesma! Infelizmente, é necessário que ainda falemos em arte do bem, arte de amor, arte cristã, budista, espírita, entre tantas outras que buscam a bondade! Enquanto classificamos as demais artes que se voltam para os vícios morais, de arte isso, arte aquilo.
É preciso mudar este conceito trazendo a responsabilidade de mostrar uma arte de qualidade que enfoque o bem, que divirta e ao mesmo tempo, ensine! Este é o papel da arte verdadeira!
Jesair e amiGOS – 20.07.12

1 – “O livre-arbítrio é definido como ‘a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta”, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, ‘entre duas ou mais razões suficientes de querer ou de agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras.” (CALLIGARIS, Rodolfo. As Leis Morais: Segundo a Filosofia Espírita. 12. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005)
2 – “E chegou a Cafarnaum e, entrando em casa, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho? Mas eles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o maior.” (Marcos, cap. 9, v. 33 e 34)
Esse cenário da época do Cristo ainda se repete entre nós até hoje. De forma velada, sutil, sob indução do reflexo da arrogância e suas consequentes máscaras, ainda disputamos a maioridade em relação a quem partilha conosco o trabalho do bem. O reflexo mais saliente do ato de arrogar é a disputa pela apropriação da Verdade. Nossa necessidade compulsiva de estarmos sempre com a razão demonstra a ação egoísta pela posse da Verdade, isto é, daquilo que chancelamos como sendo a Verdade. [...]. ‘Assim não deve ser entre vós; ao contrário, aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo.’; o que faz uma pessoa importante é a sua capacidade de servir, realizar. O impulso para ser útil, edificar, superar limites, alcançar novos patamares de conquistas.” (DUFAUX, Ermance. Escutando Sentimentos. 1. Ed. Belo Horizonte: Dufaux, 2006)
3 – “Deveremos periodicamente nos perguntar: que tenho feito dos bens celestes a mim confiados? Cargos, mediunidade, arte, a inteligência, enfim todos os bens com os quais podemos enriquecer nossa caminhada de espiritualização. Estarei os utilizando para o crescimento pessoal e de outros? Consigo perceber minha melhora no uso desses recursos? [...]. Essa honestidade emocional inicia-se com as perguntas: Por que estou sentindo o que estou sentindo? Qual o nome desse sentimento? Qual a mensagem meu coração está me indicando?” (DUFAUX, Ermance. Escutando Sentimentos. 1. Ed. Belo Horizonte: Dufaux, 2006)
4 – “[...]. A arte é, por si mesma, plena de ensinamentos, de revelações, de luz. Ela arrasta a alma em direção às regiões da vida espiritual, que é a verdadeira vida, e que a alma anseia tornar a encontrar um dia. A arte bem compreendida é um poderoso meio de elevação e de renovação. É a fonte dos mais puros prazeres da alma; ela embeleza a vida, sustenta e consola na provação e traça para o espírito, antecipadamente, as rotas para o céu. Quando a arte é sustentada, inspirada por uma fé sincera, por um nobre ideal é sempre uma fonte fecunda de instrução, um meio incomparável de civilização e de aperfeiçoamento.” (DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1.ed. Rio de Janeiro: Léon Denis, 2006)
5 - “O orgulho do homem é que fez a fonte das altas inspirações secar. A vaidade, que é o defeito de muitos artistas, torna o seu espírito insensível e afasta as grandes almas que concordariam protegê-los. O orgulho forma uma espécie de barreira entre nós e as forças do Além. O artista espírita conhece sua própria indigência, mas sabe que acima dele, abre-se um mundo sem limites, pleno de riquezas, de tesouros incalculáveis, perto dos quais todos os recursos da Terra não são mais que pobreza e miséria. O espírita também sabe que esse mundo invisível – se ele souber tornar-se digno dele, purificando seus pensamento e seu coração – pode tornar mais intensa a ação do Alto [...].”(DENIS, Léon. O Espiritismo na Arte. 1.ed. Rio de Janeiro: Léon Denis, 2006)
6 - “Não têm sido poucos os homens e as mulheres que se reencarnaram nas fileiras da Doutrina Espírita, conduzindo altas responsabilidades em torno da sua divulgação e vivência corretas. Nada obstante, após alcançarem a notoriedade e mesmo certa responsabilidade no Movimento, vêm tombando ante as facilidades [...], comprometendo-se gravemente e gerando perturbação nos companheiros que, aturdidos, constatam que a sua não era uma conduta exemplar, nem autêntica. [...] Normalmente compadeço-me desses companheiros que permanecem equivocados, divulgando as notícias do Mundo Espiritual, em que parecem não acreditar, já que se comportam de maneira inadequada em torno da imortalidade da alma e da justiça das reencarnações. É como se ignorassem que irão despertar com o patrimônio acumulado e as conquistas realizadas, não se podendo furtar à presença da consciência que, então desperta, apresentará os fatos de maneira vigorosa, exigindo reparação, nesse momento impossível, abrindo espaço para a consciência de culpa, suplicando retorno à Terra imediatamente, o que já não será tão fácil de conseguir.” (MIRANDA, Manoel Philomeno de. Sexo e Obsessão. Salvador: Alvorada, 2002)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Esclarecendo Dúvidas - A Responsabilidade dos Artistas que Reencarnam

Insigne

Passos para os Médiuns